Cartas aeronáuticas IFR

Agora chegou o momento de conhecer as cartas dos procedimentos IFR. Existem diveras cartas com objetivos diferentes, e vamos te mostrar cada uma delas. Alem disso, existem 2 modelos de cartas confeccionadas, um modelo pelo DECEA e outro pela JEPPESEN. Nesse material vamos focar nas cartas confeccionadas pelo DECEA.

Abaixo você pode ver as principais cartas IFR.

  • SID – Carta de saída
  • ERC – Carta de rota
  • STAR – Carta de chegada
  • IAC – Carta de aproximação

Carta SID

A Carta SID é assim denominada: SID – Standart Instrument Departure: Rota de saída de uma Terminal.

Este procedimento é utilizado para separa o fluxo de trafego indo para uma determinada região, condicionando a aeronave a seguir um caminho para sair da terminal. Isto é muito usado em face de alguns aeroportos terem diversas aeronaves chegando e saindo, então a SID serve para condicionar e facilitar a transição entre os procedimentos de decolagem e entrada na rota. Normalmente o fixo de transição em um procedimento de saída se encontra balizada no eixo de uma aerovia, ntretanto isto não ocorre sempre, podendo a SID apenas condicionar o fluxo de aeronaves, não necessariamente levando a aeronave para o eixo da aerovia. Para uma melhor compreensão deste tutorial, faz-se necessário que você já tenha conhecimento de como voar por instrumentos (IFR). No departamento de treinamento existem diversos manuais sobre vôo por instrumento assim como seus procedimentos.

Briefing

Será utilizada para este tutorial a carta SID LUZIÂNIA 1 – LUZIÂNIA 2 de SBBR (Brasília). Para um melhor aproveitamento necessário que você já tenha estudado sobre vôo por instrumentos.

Cabeçalho

  • SID – SBBR: Indicação do Procedimento (SID) e indicador da localidade. (SBBR)
  • Brasília / Pres. Juscelino Kubitscheck. Intl. DF-Brasil: Nome da cidade (Brasília), nome do aeródromo (Pres. Juscelino Kubitscheck. Intl), Unidade da Federação e País (DF – Brasil)
  • Luziânia 1 – Luziânia 2: Nome do procedimento de saída.

Frequências

  • ATIS: 127.80
  • CLRD (Liberação de Tráfego): 121.00
  • GNDC (Solo): 121.80
  • TWR (Torre): 118.10; 118.45 ou 121.50
  • APP (Controle): 119.20; 119.50 ou 119.70
  • ACC (Centro): 123.75; 124.40 ou 125.20

Procedimento

Bom, agora vamos analisar os passos para poder interpretar bem uma SID. Suponhamos que vamos fazer um vôo entre SBBR e SBPA inicialmente na UW6. Vamos seguir o perfil LUZIANIA 1 ou 2 (dependendo da pista em uso), com transição em TERRA. Inicialmente o procedimento é diferente, entretanto, após o bloqueio do VOR de Luziânia (LUZ), o perfil segue da mesma forma para ambas as pistas.

Bloqueando o VOR de LUZ, iniciaremos o afastamento na radial 212 de LUZ.

Note que entre o VOR de LUZ e o fixo TERRA são 17nm, ou seja, após se afastar 17nm, na radial 212 de LUZ, estaremos obrigatoriamente sobre o fixo TERRA. Continuando o afastamento pela radial 212 de LUZ estaremos no eixo da aerovia UW6 indo ao fixo PAGUE. Vale ressaltar que após o bloqueio do VOR de LUZ é que de fato, o procedimento muda, ou seja:

  • SID LUZIANIA 1 ou 2 – Trans GOIA = se afastar na radial 273 do VOR LUZ.
  • SID LUZIANIA 1 ou 2 – Trans ROXA = se afastar na radial 267 do VOR LUZ.
  • SID LUZIANIA 1 ou 2 – Trans EROS = se afastar na radial 232 do VOR LUZ.
  • SID LUZIANIA 1 ou 2 – Trans TERRA = se afastar na radial 212 do VOR LUZ.
  • SID LUZIANIA 1 ou 2 – Trans MIKEL = se afastar na radial 207 do VOR LUZ.

Observações

  • Por final, analisaremos os RMK da carta.
  1. Gradiente MNM de subida2
    : é o ângulo mínimo de subida que se deve empregar a fim de evitar obstáculos. Seu cálculo pode ser realizado da seguinte forma:
    GRADIENTE DE SUBIDA x VELOCIDADE3 DA AERONAVE (kt) = RAZÃO DE SUBIDA (ft/min)
  • Aplicando ao caso: Decolando da pista 11R ou 11L, o GRADIENTE DE SUBIDA é de 5% até 6000 pés e após 3,3%. Vamos empregar na subida 250 kts. Então temos que:
    GRADIENTE DE SUBIDA x VELOCIDADE DA AERONAVE = RAZÃO DE SUBIDA 5% x 250 = 1250 ft/min Nota: sempre arredondar para o múltiplo de 50 superior.
  • Então a razão mínima de subida que devemos empregar após decolar da pista 11L/R, até 6000 pés é de no mínimo 1300 pés por minuto.
  • Após 6000 pés devemos aplicar o gradiente mínimo de 3,3%. Então temos que: 3,3% x 250 = 825 ft/min
  • Depois de cruzar 6000 pés, o mínimo de razão de subida que devemos empregar é de 900 ft/min.
  1. TA 6000: A TA é a altitude exata ou abaixo cujo os pilotos tem que utilizar o ajuste QNH (ou configuração local de altímetro). Isto significa que os pilotos
    estão voando em ALTITUDES. Em subida, ao passar por esta altitude deve-se ajustar o altímetro para padrão – QNE – (1013). Vale ressaltar que o TA não
    muda e sempre vem impresso nas cartas. Com base nele o ATC faz o ajuste do TL5 (Nível de Transição.)
  2. Procedimento de atenuação de ruído: Para aviões a reação. Válido para o dia inteiro. Deverá ser executado procedimento de atenuação específico da aeronave
    do equipamento ou manter entre V2 + 10kt e V2 + 20kt, com a maior razão de subida possível até cruzar 5000 pés.
  3. Restrições de altitude: Observe as restrições:
    a. Caso a decolagem seja feita pela pista 29R/L a restrição de altitude é no FL080 até 14nm fora do VOR BRS. Caso a decolagem seja feita pela
    pista 11 R/L, será aplicado o procedimento que vimos acima, a restrição de altitude é no FL080 até 10nm para o VOR LUZ cruzando na radial
    179 do VOR BRS. b. Na saída LUZIÂNIA 1 ou 2 com transição GOIA a restrição de altitude é no FL110 até quando 22nm fora do VOR LUZ, não excluindo as
    restrições anteriores. c. Na saída LUZIÂNIA 1 ou 2 com transição em ROXA a restrição de
    altitude é até o fixo ROXA, onde deve ser mantido o FL110.

Modificações

  • 25 OCT 07 = Data na qual está atualização da carta foi publicada.
  • Modificações: Demonstra o que foi atualizado em relação à última carta publicada. No caso a freqüência do APP.

Outros fatos não previstos nesta carta

Limitação de Velocidade
Durante seu estudo pelas cartas de saída, você pode se deparar com algumas situações não previstas nesta carta.
Vejamos o exemplo da SID CONGONHAS 1. Ela é utilizada no aeroporto de Guarulhos, quando decolamos da pista 09 R/L.

Perceba que devemos, após decolagem, iniciar curva a direita a 3 milhas do VOR BCO (Bonsucesso) para depois interceptar a radial 072 do VOR CGO (Congonhas). No ponto 5 do campo Observações é informado o seguinte texto.

IAS Max 190 kt até interceptar RDL 072 CGO

Ou seja, velocidade indicada máxima de 190 kt até interceptar a radial 072 do VOR CGO. A razão desta limitação é que caso a velocidade seja superior, a curva será muito aberta e ficará difícil de interceptar a referida radial.

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