O homem e os efeitos das condições de voo

A atividade aeronáutica impõe ao indivíduo situações às quais seu organismo não está sujeito habitualmente. Portanto, visando entender os fenômenos provenientes de tal atividade, noções básicas sobre anatomia e fisiologia são necessárias. A anatomia (anatome = cortar em partes, cortar separando) refere-se ao estudo da estrutura e das relações entre estas estruturas. A fisiologia (physis + lógos + ia) lida com as funções das partes do corpo, isto é, como elas trabalham.

Define-se corpo humano como sendo a estrutura física do ser humano, possui em sua composição células, que juntas formam os tecidos, que se reúnem e se integram formando os órgãos, que sereúnem formando os aparelhos ou sistemas, que por fim se juntam e se integram formando o organismo humano. Os principais sistemas são:

Tegumentar – Formado pela pele, cabelos e unhas, serve para proteção e revestimento;
Esquelético – Formado pelos ossos, cartilagens e conexões entre os ossos;
Muscular – Formado pelos músculos e tendões;
Nervoso – Recebe e associa estímulos externos e internos, controlando, coordenando e regulando as reações motoras como o tato, a audição, o olfato, a visão, o paladar, as sensações de frio ou calor etc;
Vascular – Conjunto de órgãos encarregados da circulação sangüínea, abrangendo o coração, as artérias, as veias, os capilares sangüíneos e os vasos;
Respiratório – Conjunto de órgãos encarregados de conduzir ar e de efetuar as trocas gasosas entre este e o sangue;
Urogenital – Constituído pelos órgãos formadores e eliminadores de urina e pelos órgãos genitais masculinos e femininos responsáveis pela reprodução da espécie;
Endócrino – Produz substâncias químicas em pequenas quantidades chamadas hormônios, que auxiliam na regulação das funções e atividades orgânicas.

Aparelho Visual

Os olhos talvez desempenhem a função mais importante na manutenção do equilíbrio. Por experiência, aprende-se o significado do horizonte, como determinar onde está o “lado de cima” e o “lado de baixo” mediante a posição de determinados objetos familiares dentro do campo visual.

Durante o voo, o sistema visual é o sentido de orientação mais fiel porque é através de suas modalidades que obtemos informações imprescindíveis como: distância, profundidade, altitude do avião, leitura de mapas, interpretação dos instrumentos da aeronave, etc.

O olho é o órgão do nosso corpo que permite captar imagens do ambiente em redor. É nele que se inicia o processo que entendemos por visão, processo esse que, no caso do ser humano, é responsável por mais de 90% das informações que somos capazes de captar. Portanto, qualquer lesão neste órgão, implicando na queda da qualidade visual, pode ter, como consequência, sérias limitações à interação do indivíduo com o mundo ao seu redor.

A capacidade de ver depende das ações de várias estruturas dentro e ao redor do globo ocular. A imagem abaixo ilustra os componentes essenciais do sistema óptico:

O globo ocular é uma esfera com cerca de 2,5 cm de diâmetro e 7 g de peso. Quando se olha na direção de algum objeto, a imagem atravessa primeiramente a córnea, uma película transparente que protege o olho.

Após a córnea, a imagem chega à íris, que regula a quantidade de luz recebida por meio de uma abertura chamada pupila, batizada popularmente de “menina dos olhos”. Quanto maior a dilatação da pupila, mais luz entra no olho. . . . . .

Passada a pupila, a imagem chega a uma lente, o cristalino, e é focada sobre a retina – que é uma estrutura que forra o olho por inteiro internamente, contem estruturas denominadas cones e bastonetes.

A maior concentração de cones fica na região central da retina, são sensíveis a cores e são capazes de captar detalhes finos, já os bastonetes são mais populosos nas regiões periféricas da retina e tem a função de diferenciação através das tonalidades de cinza.

A adaptação visual na escuridão varia de acordo com os cones e bastonetes, os cones levam aproximadamente 8 minutos para atingirem sua sensibilidade máxima, já os bastonetes levam cerca de 30 minutos.

A lente do olho produz uma imagem invertida, e o cérebro a converte para a posição correta. Na retina, mais de cem milhões de células fotorreceptoras transformam as ondas luminosas em impulsos eletroquímicos, que são decodificados pelo cérebro.

Pode estabelecer-se uma analogia entre o olho e uma câmara fotográfica da seguinte forma: uma máquina fotográfica precisa de uma lente e de um filme para produzir uma imagem. De igual modo, o globo ocular precisa de uma lente (córnea, cristalino e vítreo) para refratar, ou focar, a luz sobre o filme (retina). Se qualquer um, ou mais, destes componentes não estiver funcionando corretamente, o resultado é uma imagem de má qualidade. Na nossa câmara, a retina representa o filme.

As lágrimas não são compostas apenas de água. Numa gota pode haver mais de 60 combinações proteicas, além de minerais e substâncias bactericidas, que protegem o olho de infecções. Quando piscamos, as lágrimas banham os olhos, conservando a córnea úmida. O fluido é drenado pelo canto interno do olho para um saco lacrimal e daí para o nariz.

As doenças oftalmológicas provocam a diminuição da acuidade visual e podem, eventualmente, levar à perda de visão. A diminuição da acuidade visual é causada, fundamentalmente, por defeitos refrativos passíveis de correção óptica, como é o caso da:

  • Miopia: a imagem é focada à frente da retina e traduz-se por uma dificuldade de visão ao longe.
  • Hipermetropia: imagem é formada após a retina, isso acontece principalmente porque o olho do hipermétrope é um pouco menor do que o normal. O grau do hipermétrope, geralmente diminui com o crescimento do olho, e é comum assistir a pessoas que necessitavam de óculos durante a infância, mas que deixaram de os usar na idade adulta.
  • Astigmatismo: é uma deficiência visual, causada pelo formato irregular da córnea ou do cristalino formando uma imagem em vários focos. Uma córnea normal é redonda e lisa. Nos casos de astigmatismo, a curvatura da córnea é mais ovalada, como uma bola de futebol americano. Este desajuste faz com que a luz se refrate por vários pontos da retina em vez de se focar em apenas um.

Para as pessoas que sofrem de astigmatismo, todos os objetos, próximos ou distantes, ficam distorcidos. As imagens ficam embaçadas porque alguns dos raios de luz são focalizados e outros não.

  • Presbiopia (ou vista cansada): dificuldade de visão ao perto, que é, normalmente, sentida por volta dos 45 anos. Deve-se à perda da elasticidade progressiva do cristalino fruto da idade.

A diminuição da acuidade visual causa importante déficit funcional e considerável morbidade a seus portadores. Seu reconhecimento é importante, pois na maior parte das vezes tal deficiência pode ser corrigida com terapêutica adequada. A acuidade visual pode ser medida através de escalas optótipos.

A prevenção primária e a detecção precoce, bem como o acesso a terapêuticas cirúrgicas oftalmológicas, são determinantes para a redução da morbilidade das doenças da visão. A maior parte da disfunção visual, tanto na criança como no adulto, pode ser prevenida através de um diagnóstico oftalmológico precoce.

Aparelho cardiovascular

É o sistema de transporte interno do organismo. Seu objetivo é levar elementos nutritivos e oxigênio a todos os tecidos do organismo, eliminar os produtos finais do metabolismo e levar os hormônios que partem das correspondentes glândulas endócrinas até os órgãos sobre os quais atuam. O aparelho circulatório compreende basicamente: sangue, vasos sanguíneos e coração (Figura 03).

O sangue é o líquido circulante dos vasos sanguíneos que recebe os nutrientes e o oxigênio, distribuindo-os pelo corpo. Trata-se de um tecido vivo e no corpo de um adulto, circulam, em média, 5 litros de sangue, variando de acordo com o peso, o que corresponde a 8% do peso corporal, geralmente. Ele é produzido na medula óssea dos ossos chatos, vértebras, costelas, quadril, crânio e esterno. Entre seus componentes estão:

• Plasma ou soro – Líquido amarelo claro que representa 55% do volume total de sangue, constituído por 90% de água, onde se encontram dissolvidas proteínas, açúcares, gorduras, sais minerais, vitaminas, fatores de coagulação e outras estruturas sólidas necessárias à vida das células;

• Plaquetas – Fragmentos de células que participam do processo de coagulação, o que as torna importantíssimas para auxiliar na interrupção dos sangramentos;

• Leucócitos – São os glóbulos brancos, que possuem funções diversas, relacionadas ao sistema imunológico, ligadas à defesa do organismo contra a presença de elementos estranhos a ele, como por exemplo, as bactérias;

• Hemácias – São os glóbulos vermelhos do sangue, cuja função é transportar o oxigênio dos pulmões para as células de todo o organismo, e eliminar o gás carbônico das células, transportando-o para os pulmões.

Para alcançar todas as regiões do nosso organismo, o sangue percorre canais apropriados que se chamam vasos. Conforme tipo e calibre podem ser:

• Artérias – Vasos que partem do coração para os vários tecidos do organismo, através dos quais corre um sangue rico em oxigênio (O2) e em substâncias nutritivas;

• Veias – Seguem o percurso inverso, isto é, partem dos vários tecidos do organismo e se dirigem ao coração, trazendo o sangue rico em anidrido carbônico(CO2) e substâncias de rejeição;

• Capilares – Vasos microscópicos situados nos tecidos, que servem de conexão entre as veias e as artérias e cuja função mais importante é o intercâmbio de materiais nutritivos, gases e desperdícios entre o sangue e os tecidos.

O coração é o órgão central da circulação. É um músculo oco cuja função é recolher o sangue proveniente das veias e lançá-lo nas artérias. O coração está envolvido por uma túnica que se chama pericárdio (revestimento externo), enquanto as suas cavidades internas estão forradas por uma membrana delgada denominada endocárdio. A parte muscular do coração se chama miocárdio. O volume do coração varia nos diversos indivíduos e tem o tamanho equivalente a uma mão fechada.

Está localizado na cavidade torácica, diretamente atrás do esterno, deslocado em direção ao lado esquerdo.

O coração está dividido em duas partes: direita e esquerda, separadas por um septo muscular. Seja do lado direito, seja do esquerdo, encontramos duas cavidades: uma superior, o átrio e a outra inferior, o ventrículo. Átrio e ventrículo estão em comunicação por meio de válvulas. Ao todo, o coração está dividido em quatro cavidades: o átrio e o ventrículo da direita, e o átrio e o ventrículo da esquerda. O átrio e o ventrículo do mesmo lado se comunicam entre si, mas não há nenhuma comunicação com as cavidades do outro lado: o sangue da metade esquerda não se mistura com o sangue da metade direita

Os átrios recebem o sangue do interior do organismo e o impulsiona aos ventrículos (a partir daí irão para os pulmões ou para o resto do corpo). Por sua função de bombeamento, o coração está provido de válvulas que evitam o retrocesso do sangue:

  • Válvula Tricúspide, entre o átrio e ventrículo direito;
  • Válvula Mitral, entre o átrio e ventrículo esquerdo;
  • Válvulas Semilunares, nas saídas dos ventrículos: aorta (lado esquerdo) e pulmonar (lado direito).

Para funcionar como uma bomba, o coração deve dilatar suas cavidades, de modo que se encham de

sangue, e, em seguida, comprimi-las, de modo que o sangue seja lançado nas artérias. À dilatação dá-se o nome de diástole e a contração sístole. O período entre cada contração e dilatação constitui o batimento cardíaco, também denominado frequência cardíaca ou pulso, que pode ser verificado através da palpação das artérias (radial, carótida, femoral ou braquial), com auxílio dos dedos indicador e médio. O número normal de batimentos cardíacos por minuto, em individuo em repouso, deve oscilar entre 60 a 100. Caso a frequência esteja acima de 100, tem-se caracterizada a taquicardia; mas se estiver abaixo de 60, a situação é de bradicardia.

Basicamente, o que acontece é que o sangue venoso de todo organismo, carregado de produtos de rejeição das células, se reúne em duas grandes veias: a veia cava inferior e a veia cava superior.

Ambas essas veias desembocam, separadamente, no átrio direito. Daí, o sangue passa para o ventrículo direito e é lançado na artéria pulmonar que o leva aos pulmões. Nos pulmões, o sangue abandona o anidrido carbônico e se carrega de oxigênio, transformando-se de venoso para arterial e retornando ao coração pelas veias pulmonares. Do átrio esquerdo, ele passa ao ventrículo esquerdo e pela aorta, onde será enviado para todo organismo, para abandonar o oxigênio e as substâncias nutritivas e se carregar de produtos de rejeição e de anidrido carbônico, para voltar ao coração e recomeçar o ciclo (Figura 04). Dessa forma, constituem-se:

• Pequena circulação: trajeto do sangue percorrido entre o coração e o pulmão com o objetivo de oxigená-lo. Resumidamente, a pequena circulação ou circulação pulmonar é composta por: ventrículo direito – artéria pulmonar – pulmão – veias pulmonares – átrio esquerdo – ventrículo esquerdo. A partir daí o sangue passa para a artéria aorta dando início à grande circulação.

• Grande circulação: trajeto do sangue percorrido entre o coração e todo organismo com objetivo de oxigenação dos tecidos, o sangue do ventrículo esquerdo vai para todo o organismo, pela artéria aorta, e do organismo até o átrio direito, pela veia cava. Resumidamente, a grande circulação ou circulação sistêmica inicia-se no ventrículo esquerdo e termina no átrio direito do coração.

A pressão com que o sangue é lançado na corrente circulatória e atinge os tecidos é chamada de pressão arterial e pode ser medida através de um aparelho chamado esfigmomanômetro. A pressão arterial normal é de 120 X 80 mmHg, onde 120 representa a máxima sistólica e 80, a mínima diastólica.

Se a pressão diastólica (mínima) for igual ou superior a 90 mmHg, ou seja, se a pressão arterial estiver elevada, está caracterizada a hipertensão arterial, cujos sintomas são cefaleia e escotomas (a pessoa vê pontos luminosos).

Se a pressão diastólica (mínima) for igual ou inferior a 50 mmHg, está caracterizada a hipotensão arterial (queda da pressão arterial), cujos sintomas são sonolência, tontura, vertigens, sudorese fria, mal estar e palidez.

Aparelho respiratório

O sistema respiratório do ser humano compreende as vias aéreas (fossas nasais, faringe, laringe, traquéia e brônquios primários) e os pulmões (brônquios secundários, bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios e alvéolos pulmonares) (figura 05). Para que o ar chegue aos pulmões, ele passa primeiro pelas vias respiratórias, através da cavidade nasal, aonde é umedecido, filtrado e aquecido, pois o ar na forma que se encontra na atmosfera pode acarretar malefício ao organismo. O trajeto do ar no nosso corpo inicia-se pelo nariz, passa pela faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alcançam os alvéolos.

Os pulmões são dois órgãos de consistência esponjosa situados no tórax, o direito é maior que o esquerdo, pois possui três lóbulos, enquanto que o esquerdo só tem dois, esses lóbulos contêm os alvéolos, que são dilatações terminais dos brônquios, constituem-se de numerosas e minúsculas cavidades, onde se processam as trocas gasosas (também chamada de hematose) entre o ar atmosférico e o sangue. Juntamente com a traqueia, brônquios e bronquíolos, os pulmões formam a chamada árvore respiratória que através da traquéia, comunica-se com a laringe, nasofaringe e nariz, formando em seu conjunto o aparelho respiratório.

Os pulmões são revestidos por uma membrana chamada pleura visceral, que se dobra para recobrir a face interna do tórax, a pleura parietal. Entre essas duas pleuras existe um líquido viscoso (líquido pleural) que atua como lubrificante, facilitando ou mesmo permitindo os movimentos respiratórios, evitando o desgaste dos alvéolos e da musculatura. O espaço pleural contém ar a uma pressão inferior à do ar atmosférico, o que faz com que os pulmões mantenham-se justapostos à parede do tórax.

Os pulmões, com o coração e os vasos da base estão contidos na caixa torácica, que é separada do abdômen pelo diafragma. Ela tem um arcabouço ósseo formado pelo esterno, costelas e coluna vertebral. Entre as costelas, existem os músculos intercostais que, junto com o diafragma, desempenham um papel importante nos movimentos respiratórios.

A respiração é uma função essencial para o organismo por ser o mecanismo responsável pela troca gasosa entre ele e o meio externo. Ela ocorre através de uma sequencia de movimentos respiratórios:

Movimento de inspiração (expansão pulmonar): a inspiração afasta as paredes do tórax e o diafragma dos pulmões, e cria uma pressão negativa, ou sucção. A pressão da atmosfera força o ar através da traqueia para inflar os pulmões, quando o ar chega aos alvéolos, o oxigênio (O2) passa por difusão para o sangue.

Movimento de expiração (retração pulmonar): a expiração acontece quando os músculos do tórax e diafragma estão relaxados. Nesta fase passiva, o diafragma eleva-se e as costelas abaixam, o que diminui o volume da caixa torácica, com consequente aumento da pressão interna, forçando o ar a sair dos pulmões, eliminando assim o gás carbônico (CO2) resultante da respiração celular.

O oxigênio que passa do alvéolo ao sangue forma a oxiemoglobina, pois é transportado pela hemoglobina até os tecidos. Uma vez que o oxigênio tenha chegado à célula, acontece o processo de liberação de gás carbônico. Ao penetrar na hemácia, o gás carbônico reage com a água, produzindo ácido carbônico, em presença de uma enzima, a anidrase carbônica. O ácido carbônico dissocia íons Figura 07: aparelho respiratório e alvéolo pulmonar de hidrogênio e de bicarbonato. Os íons de bicarbonato saem da hemácia e são transportados pelo plasma até o pulmão, onde ocorre o processo inverso, ou seja, o gás carbônico sai pelos alvéolos.

A respiração compreende três fases:

Externa (primeira fase): Destina-se a ventilar os pulmões e promover a troca gasosa, ou seja, entrada de oxigênio e saída de gás carbônico. Através da inspiração, os músculos intercostais e o diafragma se contraem, o volume da caixa torácica aumenta, os pulmões se expandem e há entrada do ar que está com maior pressão na atmosfera. Em seguida, após a hematose (troca gasosa), o ar contido nos pulmões é expelido para o exterior através da expiração, fazendo com que os músculos voltem ao normal, assim como o volume dos pulmões;

Intermediária (segunda fase): Objetiva o transporte de gases. Por difusão, o oxigênio passa para os alvéolos pulmonares e vai para a corrente sanguínea. Através das hemácias (glóbulos vermelhos), o oxigênio é transportado dos alvéolos pulmonares até as células, numa ligação hábil, a oxihemoglobina. É ela que dá a cor vermelho-viva ao sangue arterial. No percurso inverso, das células aos alvéolos pulmonares, as hemácias conduzem o gás carbônico, através da formação carbamino[1]hemoglobina. É ela que confere a cor escura ao sangue venoso;

Interna (terceira fase): Corresponde à realização da respiração celular, onde após várias reações, as células obtêm o necessário para sua sobrevivência.

A frequência respiratória pode ser observada através dos movimentos torácicos. O número normal de movimentos respiratórios por minuto deve variar de 15 a 20. As anormalidades com relação aos movimentos respiratórios podem ser:

  • Taquipnéia: freqüência de movimentos respiratórios acima de 20 irpm;
  • Bradipnéia: freqüência de movimentos respiratórios abaixo de 15 irpm;
  • Apnéia: ausência de movimento respiratório;
  • Dispnéia: dificuldade para respirar (falta de ar).

Volumes e Capacidades Pulmonares

A cada ciclo respiratório que executamos, certo volume de ar entra e sai de nossas vias respiratórias durante uma inspiração e uma expiração, respectivamente. Em uma situação de repouso, em um jovem e adulto saudável, aproximadamente 500 ml de ar entram e saem a cada ciclo. Este volume de ar, que inspiramos e expiramos normalmente a cada ciclo, corresponde ao que chamamos de Volume Corrente.

Além do volume corrente, inspirado em uma respiração normal, numa situação de necessidade podemos inspirar um volume muitas vezes maior, numa inspiração forçada e profunda. Tal volume é chamado de Volume de Reserva Inspiratório e corresponde a, aproximadamente, 3.000 ml de ar num jovem e saudável adulto. Da mesma forma, se desejarmos, podemos expirar profundamente, além do volume que normalmente expiramos em repouso, um maior volume de ar que é denominado Volume de Reserva Expiratório e corresponde a, aproximadamente, 1.100 ml.

Mesmo após uma expiração profunda, um considerável volume de ar ainda permanece no interior de nossas vias aéreas e de nossos alvéolos. Trata-se do Volume Residual, de aproximadamente 1.200 ml. A soma dos Volumes Corrente, de Reserva Inspiratório, de Reserva Expiratório mais o Volume Residual, corresponde à nossa Capacidade Pulmonar Total (aprox.5.800 ml).

Hipóxia

A palavra hipóxia vem do grego e significa “pouco oxigênio”. Para ausência total de oxigênio, usa-se o termo anóxia. O oxigênio é um gás que atua na célula, como comburente, participando das reações de oxidação, nas quais libera a energia indispensável à manutenção da vida. É um processo que ocorre através da respiração. Na ausência de oxigênio, não há combustão nem respiração aeróbia.

Retornando à fisioanatomia da respiração e circulação, observa-se que o sistema respiratório do ser humano compreende as vias aéreas (fossas nasais, faringe, laringe, traquéia e brônquios primários) e os pulmões (brônquios secundários, bronquíolos terminais, bronquíolos respiratórios e alvéolos pulmonares).

Trajeto do ar no corpo: boca e nariz, faringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos.

Os pulmões, com o coração e os vasos da base estão contidos na caixa torácica, que é separada do abdômen pelo diafragma. Ela tem um arcabouço ósseo formado pelo esterno, costelas e coluna vertebral. Entre as costelas, existem os músculos intercostais que, junto com o diafragma, desempenham um papel importante nos movimentos respiratórios.

A absorção de oxigênio pelo sangue depende do diferencial entre a pressão interna dos pulmões e a pressão atmosférica. Quando se inspira, a contração do diafragma provoca a expansão da caixa torácica, aumentando o volume dos pulmões e abaixando sua pressão interna. A pressão atmosférica, agora sendo maior, empurra o ar para dentro dos pulmões através da boca e nariz. O oxigênio então é levado para todas as células do corpo através do sangue. Em grandes altitudes, a pressão atmosférica é inferior a pressão parcial de oxigênio nos pulmões, ou seja, não existe pressão suficiente para empurrar o oxigênio dos pulmões para a corrente sanguínea, ocasionando insuficiência de oxigênio e todas as suas consequências.

No nível do mar, sem respiração, o organismo humano entra em inconsciência em aproximadamente 4 a 5 minutos. Com a altitude, esse tempo vai se reduzindo. Por meio de testes em câmaras de descompressão, estabeleceu-se o tempo aproximado em que, na altitude, sem oxigênio, a pessoa conserva a consciência. É o chamado Tempo Útil de Consciência (TUC) ou Tempo útil de Lucidez (TUL), que varia dependendo da resistência da pessoa à hipóxia e com o repouso ou a atividade motora do momento.

As condições hipobáricas caracterizam-se quando há a queda da pressão dos gases, conforme a já mencionada Lei de Dalton, Por exemplo, em La Paz a pressão parcial do O2 é de aproximadamente 95 mmHg, enquanto ao nível do mar, ela é de 760 mmHg. Nessa pressão, o organismo tende à hipóxia. Como o ar entra com muito menos pressão no pulmão, há imediatamente um reajuste na frequência respiratória (aumenta), na frequência cardíaca e na pressão arterial (também aumentam), afim de que haja um aumento do fluxo sanguíneo. Portanto, há uma queda brutal da capacidade física. A hipóxia é um processo que se instala entre 12 e 24 horas, sendo que quanto maior a altitude, maiores são os sintomas.

Classificação de hipóxia

1. Anêmica: redução da capacidade carreadora de oxigênio da hemoglobina. As causas desta forma de hipóxia incluem anemia, perda sangüínea, envenenamento por monóxido de carbono, medicamentos à base de sulfa e tabagismo excessivo.

2. Estagnante ou isquêmica: devido a deficiência circulatória.

Ex.: Trombose, cargas G, insuficiência cardíaca, etc.

3. Histotóxica: devido a ação de toxinas que agem nas enzimas respiratórias.

Ex.: álcool, narcóticos, cianeto, etc.

4..Hipóxia hipobárica ou hipóxica: (baixa de oxigênio pela baixa de pressão) diz respeito a diminuição da pressão parcial do oxigênio no organismo devido a baixa concentração de oxigênio na atmosférica.

Quanto maior for à altitude, mais rapidamente se instalam os sintomas da hipóxia. São eles:

  • Sonolência;
  • Inquietação;
  • Irritabilidade;
  • Cansaço;
  • Perda da auto crítica;
  • Perda da coordenação motora;
  • Euforia ou depressão;
  • Agressividade ou ironização;
  • Alterações da audição;
  • Prejuízo no julgamento;
  • Cianose;
  • Tremores;
  • Inconsciência.

SINTOMAS X ALTITUDE

Altitude TUL Sintomas

10 – 14 mil pés horas Cefaleia, apatia, fadiga…

15 – 18 mil pés ½ hora Raciocínio e visão, euforia, excesso de confiança, má coordenação, sonolência, tontura…

20 – 25 mil pés 5 min Idem a zona 15 – 18, apenas mais pronunciado, com eventual inconsciência.

35 – 45 mil pés 15 – 45s Inconsciência imediata (com pequeno ou nenhum aviso)

Dependendo da altitude e do tempo de exposição, a hipóxia pode levar à morte.

O tratamento da hipóxia é a oxigenoterapia. A aviação comercial está protegida contra hipóxia, pois a cabine é pressurizada.

Tratamento a bordo

Devido à possibilidade de ocorrer uma despressurização de cabine, a aeronave é equipada com dois sistemas de oxigênio, que são: SISTEMA FIXO DE OXIGÊNIO DE EMERGÊNCIA e SISTEMA PORTÁTIL DE OXIGÊNIO.

O sistema fixo de oxigênio de emergência subdivide-se em: sistema fixo de oxigênio de emergência para a cabine de comando e sistema fixo de oxigênio de emergência para a cabine de passageiros, que fornecerá oxigênio para as:

– Unidades de Serviço de Passageiros (PSU’s);

– Unidades de Serviço de Comissários (ASU’s);

– Unidades de Serviço dos Lavatórios (LSU’s);

– Cabine de descanso da tripulação;

– Galleys (em algumas aeronaves).

Com relação ao sistema fixo de oxigênio de emergência para a cabine de passageiros, em algumas aeronaves o oxigênio está armazenado em cilindros fixos localizados no porão de aviônica ou dianteiro. Em outras, o oxigênio pode ser obtido através de módulos geradores químicos de oxigênio que estão distribuídos ao longo da cabine.

Quando o oxigênio é armazenado em cilindros fixos, ele é liberado através de válvulas shut-off, passando em alta pressão através de um duto, até o regulador, onde a pressão é reduzida. Em seguida, já com baixa pressão, o oxigênio passa, através de dutos, para as PSU’s (Passenger Service Units), LSU’s (Lavatory Service Units), ASU’s (Attendant Service Units), cabine de descanso da tripulação técnica (em algumas aeronaves) e galleys (em algumas aeronaves), onde estão as mangueiras e as máscaras oro-nasais.

Ocorrendo uma despressurização, quando a cabine atingir uma altitude-pressão de 14.000 pés, o sistema fixo de oxigênio será acionado automaticamente.

Após o acionamento do sistema, as tampas dos alojamentos das máscaras se abrirão (por pressão do fluxo de oxigênio) e as máscaras cairão. Para que o oxigênio chegue até às máscaras, é necessário que elas sejam puxadas em direção ao rosto e, posteriormente, colocadas sobre o nariz e a boca. Se houver falha no acionamento automático do sistema, o mesmo poderá ser acionado eletricamente, através de um interruptor localizado no painel superior da cabine de comando (painel overhead). Ou ainda manualmente (em algumas aeronaves), através de uma alavanca localizada também na cabine de comando, ou individualmente. Após uma despressurização, caso a tampa de algum alojamento de máscaras do sistema fixo de oxigênio não se abra (seja ele alimentado por cilindros fixos ou por módulos geradores químicos), o procedimento a ser adotado será o de abri-lo individualmente. Para isso deve-se agir de acordo com o sistema específico de cada aeronave.

A abertura dos compartimentos das máscaras de oxigênio das PSU’s, ASU’s, LSU’s (e da cabine de descanso da tripulação técnica e galleys de alguns aviões) pode acontecer de 4 formas:

  • Automaticamente: quando a altitude-pressão da cabine atingir 14.000 pés;
  • Eletricamente: através de um switch no painel superior (overhead) da cabine de comando;
  • Manualmente: Através de uma alavanca, localizada na cabine de comando de algumas aeronaves;
  • Individualmente: Inserindo um objeto pontiagudo no orifício da tampa do compartimento ou inserindo um objeto achatado tipo cartão (dependendo da aeronave).

Quando o oxigênio provém de módulos geradores químicos, esses podem ser acionados da mesma forma. As máscaras estão ligadas ao gerador por meio de uma mangueira. Cordéis prendem as máscaras ao pino acionador e o fluxo do gerador será iniciado quando qualquer uma das máscaras ligadas ao mesmo for puxada. Uma vez acionado, o gerador passará a fornecer um fluxo contínuo e ininterrupto de oxigênio durante, aproximadamente, 15 minutos para todas as máscaras ligadas a ele. Durante o ciclo de geração de oxigênio, a temperatura na face externa do módulo pode chegar a 260°C, razão pela qual o módulo é protegido por uma placa metálica, cuja finalidade é evitar queimaduras. Essa alta temperatura faz também com que, ao ser acionado o gerador, ele exale um cheiro característico de queimado. O oxigênio que supre a cabine de comando provém de um cilindro independente, localizado no compartimento de aviônica ou no de carga, dependendo da aeronave.

Uma vez acionado, o oxigênio chega às máscaras oro-nasais através de dutos. A finalidade do sistema é utilizá-lo não só em caso de despressurização, mas também na presença de fumaça ou gases tóxicos na cabine de comando (nesse caso, a máscara será usada juntamente com o par de óculos). O painel da máscara, denominado Painel Regulador de Fluxo de Oxigênio é composto por:

  • interruptor de acionamento: ON / OFF;
  • seletor do teor de oxigênio: 100% / NORMAL;
  • seletor do fluxo de oxigênio: EMERGENCY (ON/OFF) / NORMAL / TEST;
  • indicador do fluxo.

Para teste do sistema:

  • posicionar o interruptor de acionamento em ON;
  • posicionar o seletor do teor de oxigênio em 100%, assim o sistema está preparado para fornecer oxigênio puro (100%) e sob demanda;
  • para testar o fluxo contínuo sob pressão, deve-se posicionar e manter posicionado o seletor de fluxo de oxigênio em TEST, verificando no visor do painel regulador, a indicação da passagem de fluxo.

Para fornecimento de fluxo sob demanda:

  • posicionar o interruptor de acionamento em ON;
  • manter o seletor de oxigênio em 100% durante todo o vôo. Caso queira oxigênio misturado com o ar da cabine, colocar o seletor em NORMAL.

Para o fornecimento de fluxo contínuo sob pressão:

  • posicionar o interruptor de acionamento em ON;
  • posicionar o seletor do fluxo de oxigênio em EMERGENCY;
  • vestir e ajustar a máscara. O oxigênio, a 100%, fluirá sob pressão.

Em algumas aeronaves, o painel regulador do fluxo de oxigênio encontra-se acoplado à própria máscara.

Todo tripulante viajando na condição de extra e ocupando assento na cabine de comando, deve checar se o sistema fixo está pronto para uso em uma situação de emergência, testando o fluxo e mantendo o sistema armado até o final do voo.

O sistema portátil de oxigênio subdivide-se em:

  • Sistema portátil de oxigênio de emergência: composto pelo capuz antifumaça (CAF), também conhecido como smoke hood ou PBE (Protective Breathing Equipment), especifico para uso em combate ao fogo ou despressurização, dependendo dos padrões da companhia aérea;
  • Sistema portátil de oxigênio terapêutico: constituído por cilindros portáteis com capacidade para 311 litros de oxigênio. Quando carregados em sua capacidade normal indicarão, em seus manômetros, 1800 psi a 21°C. Cada cilindro está equipado com uma alça de lona para seu transporte e possui duas saídas de fluxo contínuo: a vermelha (HI) com fluxo de 4 litros por minuto e a verde (LO) com fluxo de 2 litros por minuto.

As máscaras desse sistema são do tipo oro-nasais e misturadoras. São feitas de plástico transparente, descartáveis e estão ligadas a uma mangueira em cuja extremidade se encontra um pino de encaixe.

Sua adequação é atender aos ocupantes da aeronave que se encontrem com insuficiência respiratória. Para sua operação, basta adaptar o pino de encaixe da mangueira na saída de 4l/min (para todos os casos); girar a válvula de abertura no sentido anti-horário e verificar a passagem do fluxo de oxigênio através da indicação verde (êmbolo) ao longo da mangueira. Após esse procedimento, ajustar a máscara no rosto da pessoa, moldando a pequena tira metálica de uma das bordas sobre o nariz; fixar a tira elástica ao redor da cabeça do indivíduo e recomendar que ele respire normalmente. Informar à cabine de comando sobre a situação. Para bebês e asmáticos, recomenda-se o uso de oxigênio umidificado (introduzir a mangueira, sem amáscara, em um copo com água e deixando a vítima respirar através das bolhas).

Hiperventilação

É a síndrome pela qual a frequência da respiração sofre uma alteração, passando a ser mais rápida e intensa do que a normal, é o aumento da quantidade de ar que ventila os pulmões. Acontece quando a acidez do sangue é superior ao valor normal (por acúmulo de dióxido de carbono), fato esse que estimula o centro respiratório do cérebro, induzindo um aumento da frequência respiratória, a hiperventilação, elevando o ph sanguíneo, fenômeno conhecido como alcalose respiratória

Causas:

Por lesão cerebral (hemorragia, traumatismo, etc) que afeta o centro da respiração. Por doenças de base que não permitem que os pulmões eliminem as quantidades adequadas de dióxido de carbono (enfisema, edema pulmonar e asma, dentre outras). Os problemas de disfunções nervosas que acometam aos músculos da respiração também podem produzir um estado que induza a hiperventilação. A síndrome de hiperventilação, que é uma respiração rápida e frequente, pode ser causada por ansiedade ou fortes dores. Quando uma pessoa viaja para lugares de maior altura, também pode apresentar essa síndrome.

Sintomas:

Sensação de estar flutuando, tontura, vertigem, dores no peito, parestesias (formigamento ou adormecimento) em vários locais do corpo, como a ponta dos dedos em volta da boca, taquicardia, palpitações, visão borrada, sensação de falta de ar, disfagia (dificuldade de deglutir), náuseas, dor abdominal, distensão abdominal, dores musculares, tremores, tetania , ansiedade, medo, fadiga, exaustão, sonolência, fraqueza.

Tratamentos:

Quando existem doenças pulmonares de base, devem ser tratadas adequadamente para restabelecer o equilíbrio ácido-básico. Quando a alcalose respiratória foi produzida pelo fato de a pessoa estar realizando hiperventilação, torna-se imprescindível que fique concentrada em reduzir a frequência de sua respiração. Uma maneira rápida de aumentar os valores de dióxido de carbono no sangue é respirar dentro de uma sacola, pois é inspirado novamente o gás que tinha sido espirado.

Aparelho Auditivo

Figura 12: Aparelho auditivo

O aparelho auditivo é composto de:

• Ouvido Externo – Pavilhão auricular e conduto auditivo externo, limitado por uma membrana vibratória denominada tímpano, tem a função de captar e direcionar o som para o ouvido médio;

• Ouvido Médio – Cavidade separada do ouvido externo pelo tímpano, e que se comunica com o exterior por meio de um canal – a Trompa de Eustáquio (tuba auditiva que conecta o ouvido médio a cavidade nasal) – cuja extremidade profunda localiza-se na faringe, logo abaixo das lojas amigdalianas. No interior do ouvido médio existe ar atmosférico, que se comunica com o exterior através da Trompa de Eustáquio. Qualquer obstrução neste canal causará alterações na pressão do ar acumulado no ouvido médio, podendo resultar em graves consequências, representadas pelas otobaropatias, como será visto adiante. Na orelha média estão localizados três ossículos conhecidos como: martelo, bigorna e estribo que tem a função de transferir e amplificar as vibrações das ondas sonoras.

• Ouvido Interno – também conhecido como labirinto, abrange os canais semicirculares, responsáveis pelo equilíbrio, e o caracol ou cóclea, onde se aloja o aparelho sensorial da audição. O aparelho vestibular contém duas estruturas distintas: os canais semicirculares, que detectam alterações de aceleração angular, e os otólitos, que detectam alterações de aceleração linear e de gravidade. Tanto os canais semicirculares, como os otólitos, fornecem informações ao cérebro quanto à posição e movimento do corpo.

Quando uma aceleração é aplicada à cabeça, o fluido (endolinfa) presente nos canais semicirculares no plano de rotação, retarda-se por causa de sua inércia, estimulando os receptores sensoriais, os quais enviam impulsos nervosos ao cérebro, indicando que o movimento está ocorrendo. Depois de um curto período de duração (aproximadamente 20 segundos), o fluido atinge a mesma velocidade que o canal da orelha e a sensação de movimento para. Isso pode ser exemplificado através de um copo com água. Inicialmente, o copo se move, mas a água não. Porém, se o movimento no copo continuar, a velocidade da água vai se igualar à do copo.

Em voo, este fenômeno cria um problema de orientação porque em movimentos que durem mais que 20 segundos, numa curva, por exemplo, pode-se perder a sensação de rotação, e quando a curva acabar, como o canal da orelha para e o fluido continua, pode-se ter a sensação de rotação, mesmo se parado.

Em poucas palavras, as características de reação do sistema vestibular são específicas para a operação terrestre, onde as acelerações são seguidas de imediato por uma desaceleração. A atividade aérea impõe padrões inusitados de movimento, o que faz o aparelho vestibular reagir erroneamente, provocando “ilusões” de movimentos e posições corporais em relação ao espaço.

 OUVIDO EXTERNO OUVIDO MÉDIO OUVIDO INTERNO

Influência dos Ruídos e Vibrações

O termo ouvir descreve o processo de perceber som. Ouvir perde só para a visão em termos de mecanismo sensorial psicológico de obtenção de informações importantes durante a operação de uma aeronave.

De acordo com a anatomia do aparelho auditivo vista anteriormente, as ondas sonoras do ambiente são captadas pelo pavilhão auricular externo e conduzidas pela tuba auditiva, fazendo o tímpano vibrar. Tal vibração é mecanicamente transmitida a um conjunto de pequenos ossos da orelha média, que por sua vez produzem vibração de uma membrana flexível da cóclea e causa uma onda de pressão no fluido dentro dela, movendo centenas de cílios (receptores sensoriais). O movimento destes cílios envia um sinal elétrico ao cérebro através do nervo auditivo. O sinal é processado pelo cérebro e identificado como um tipo particular de som.

O termo som é usado para descrever uma energia mecânica radiante transmitida através de ondas de pressão longitudinais em um meio (sólido, líquido ou gasoso). O termo ruído se refere a som, mas em especial aquele que incomoda o bem estar em função da sua intensidade, e pode causar danos fisiológicos graves e irreversíveis. Em outras palavras, ruído é qualquer som indesejável e perturbador. Categorizar um som como um ruído pode ser muito subjetivo.

Por exemplo, ouvir músicas de rock em tom alto, pode ser considerado pelos mais jovens, principalmente, algo muito agradável. Já os adultos, podem considerar isso apenas um ruído, independentemente do volume.

O ambiente da aviação é caracterizado por múltiplas fontes de ruído, tanto em terra, como em ar. A exposição de tripulantes ao ruído é uma discussão iniciada desde a apresentação da primeira aeronave a jato e tem sido um problema permanente desde então. Há ruídos produzidos pelos equipamentos da aeronave: sistemas de transmissão, motores, atuadores hidráulicos e elétricos, sistemas de pressurização e ar condicionado da cabine, sistemas de alarme da cabine de comando, equipamento de comunicação. Há ruídos causados também pela interação entre o ambiente aéreo e a fuselagem da aeronave: asas, superfícies de controle e trens de pouso.

FONTE DE SOM / RUÍDO NÍVEL (Db)

  • Voz sussurrada 20-30
  • Residência Urbana, Escritório (normal) 40-60
  • Conversação Masculina (normal) 60-65
  • Escritório (barulhento), Rua (baixo movimento) 60-80
  • Cabine de Avião (jato) 60-88
  • Cabine de Avião (pequeno turbo-hélice) 70-90
  • Sistema de PA (Public Address) 90-100
  • Rua (cidade movimentada) 80-100
  • Cabine de helicóptero 80-102
  • Aparador de grama 100-110
  • Trovão 110-120
  • Show de Rock 115-120
  • Turbina (jato) 130-160
  • Decolagem de Jato (vizinhanças) 150

O limiar de conforto auditivo equivale a 85 db, a exposição a elevados níveis de decibéis, pode desencadear alguns efeitos no organismo, dentre os efeitos fisiológicos podemos citar:

  • Desconforto: Pode ocorrer durante exposição à ruídos além de 120 dB;
  • Dor: Pode ocorrer durante exposição à ruídos além de 130 dB;
  • Ruptura de tímpanos: Pode ocorrer durante exposição à ruídos além de 140 dB;
  • Surdez temporária: Causada pela exposição sem proteção a sons contínuos e altos (acima de 90 dB), seja por curto período de tempo, ou por algumas horas. A audição volta ao normal dentro de algumas horas após cessar a exposição ao ruído;
  • Surdez permanente: Causada pela exposição sem proteção a sons altos (acima de 90 dB) por 8 horas ou mais ao dia, durante anos. Inicialmente, pode passar despercebida pelo indivíduo por algum tempo, mas é irreversível.

Quanto aos efeitos psicológicos, tem-se:

  • Efeitos subjetivos: Ruídos perturbadores em nível alto que causam distração, fadiga, irritabilidade, agressividade, má qualidade de sono (despertares repentinos), perda de apetite, dor de cabeça, vertigem, náusea e perda de concentração e memória;
  • Interferência na conversação: Ruídos altos podem interferir ou mascarar conversação normal, dificultando o entendimento;
  • Performance: Ruídos são distrações e podem aumentar o número de erros em determinadas tarefas.

Tarefas que requerem vigília, concentração, cálculos e julgamentos podem ser seriamente afetadas pela exposição a ruídos além de 90 dB.

A proteção contra os ruídos provenientes da aviação é respeitar os limites de exposição aos mesmos e por isso devemos usar os equipamentos de proteção. Os dois protetores auriculares mais comuns são os abafadores – como conchas que envolvem todo pavilhão auricular e os earplugs – instalados dentro do cunduto auditivo externo podendo ser de espuma ou silicone. O uso individual de qualquer um destes equipamentos ou o uso combinado deles atenuará as ondas de ruído antes que elas atinjam os tímpanos, se constituindo em eficazes meios na redução da frequência do som.

Quando há atuação das vibrações simultaneamente aos ruídos, este se torna ainda mais danoso. As vibrações de infra-sons e ultra-sons penetram no organismo pelos pés e pelo assento e se propagam por todo organismo. Se forem de níveis elevados podem trazer repercussões sobre a audição, sistema nervoso, aparelho circulatório.

Aparelho Digestivo

Figura 13: Aparelho digestivo

Vilosidades intestinais: absorção dos nutrientes pelo sangue e pela linfa Intestino Grosso: alimentos são digeridos, e avançam em direção ao reto. A água é absorvida. Intestino Delgado: prossegue a simplificação molecular, os nutrientes vão avançando e se misturando. Estômago: os alimentos são misturados e prosseguem em direção ao intestino delgado.

O sistema ou aparelho digestivo (também chamado sistema digestores) é o sistema responsável pela degradação dos alimentos, absorção dos nutrientes necessários a sobrevivência, processando os alimentos para que os minerais, vitaminas, açúcares, gorduras e proteínas que ele contém sejam absorvidos pelo corpo, assim como pela eliminação dos resíduos.

O sistema digestivo ou gastrointestinal inclui o tubo digestivo que é constituído por: boca, faringe, esófago, estômago, intestino delgado, intestino grosso e reto, e órgãos glandulares (glândulas salivares, glândulas estomacais, fígado e pâncreas) que segregam substâncias que são lançadas no interior desse tubo. Tem a função de

É na cavidade bucal que a digestão começa, os dentes e a língua preparam o alimento para a digestão, por meio da mastigação, os dentes reduzem os alimentos em pequenos pedaços, misturando-os a saliva, o que irá facilitar a futura ação das enzimas. A língua além de sentir o sabor, ajuda os músculos da faringe a empurrar a mistura de comida e saliva (bolo alimentar) para o esôfago e daí para o estômago. Na superfície da língua existem dezenas de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários: doce, azedo, salgado e amargo.

O estômago armazena, mistura e começa a digestão das gorduras. O alimento pode passar várias horas no estômago, onde é misturado com ácido e mais enzimas e, parcialmente digerido por eles até atingir uma massa de consistência semilíquida (quimo). Depois de passar para o duodeno, o quimo sofre nova quebra pelos sucos digestivos do fígado e do pâncreas. O fígado tem como função armazenar glicose e ferro, metabolizar lipídeos, sintetizar proteínas, degradar álcool e outras drogas auxiliando na desintoxicação do organismo, destróir hemácias velhas ou anormais entre outras funções, já o pâncreas é responsável pela produção de insulina, substância fundamental na metabolização das moléculas de açúcar. Nos intestinos a etapa final da digestão é completada. Os nutrientes são quebrados em unidades químicas bem pequenas para poderem passar pela parede do intestino delgado, onde ocorre à parte mais importante da digestão, a absorção dos nutrientes atingindo assim a rede de vasos sanguíneos e linfáticos que vai levá-los para o fígado. Os materiais que não servem vão para o intestino grosso onde ficam armazenados até serem expelidos pelo canal do ânus em intervalos regulares (fezes).

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