Decolagem e pouso

No âmbito da teoria de voo, as manobras de pouso e decolagem representam momentos críticos da operação de uma aeronave, pois envolvem transições entre voo e solo, exigindo técnicas específicas e profundo entendimento aerodinâmico. Vamos explorar os tipos e etapas de cada uma dessas manobras.

Decolagem

É a operação em que o avião levanta voo. A aceleração é importante para decolar no menor espaço possível, portanto a potência do motor deve ser a máxima. Inicialmente os valores do recuo da hélice e da tração são os máximos, exceto para hélices de RPM constante.

Com o aumento da velocidade, o recuo e a tração da hélice diminuem, mas a torção e a eficiência aumentam, exceto para hélices de RPM constante. As forças contrárias ao movimento do avião são o arrasto aerodinâmico e o atrito dos pneus, que é tanto maior quanto mais rugosa for a pista.

Os aviões com trem de pouso convencional precisam erguer a cauda durante a decolagem para diminuir o ângulo de ataque e assim reduzir o arrasto. Isso reduz também a sustentação, evitando que o avião levante voo antes de atingir uma velocidade segura.

Com o aumento da velocidade, a sustentação começará a atuar, aliviando a carga sobre as rodas e assim reduzindo o atrito. Por motivo de segurança, o avião deve ser mantido no solo até que seja atingida a velocidade recomendada, que é de cerca de 120% a 130% da velocidade de estol e somente então cabrado para levantar voo.

Deve-se decolar sempre com vento de proa, para diminuir a distância de decolagem e aumentar o ângulo de subida. Como o piloto cabrou a aeronave com 120% a 130% da velocidade de estol a segurança do voo não será afetada caso o vento diminua e mude de direção repentinamente.

Todos os fatores que aumentam a densidade do ar favorecem a decolagem por exemplo: ar seco, baixa temperatura, baixa altitude e alta pressão. O ar denso aumenta a potência e a sustentação. O declive aumenta a aceleração. O vento de proa permite ao avião se sustentar com menor velocidade em relação ao solo.

Após deixar o solo, a decolagem prossegue e continua com a subida. O piloto deverá reduzir a potência do motor e efetuar os demais procedimentos como o recolhimento dos flaps e do trem de pouso.

Sempre se deve decolar contra o vento. Com vento de proa a distância percorrida na pista é menor, a sustentação necessária para a decolagem é gerada mais rápido e o ângulo de subida é maior.

Com vento de cauda, a distância percorrida na decolagem é maior, necessitando assim de mais pista.A sustentação necessária para a decolagem demora a agir sobre o avião e o ângulo de subida é menor. Esse tipo de decolagem só deve ser realizada em último caso.

Tipos de decolagem:

  1. Decolagem normal:
    • Usada em condições padrão, sem vento significativo ou necessidade de manobras especiais.
    • A aeronave acelera na pista, atingindo a velocidade de rotação (Vr), momento em que o piloto puxa o manche para elevar o nariz.
  2. Decolagem curta:
    • Utilizada em pistas de comprimento reduzido.
    • Envolve aplicação total de potência antes de liberar os freios e ângulo de subida mais acentuado para evitar obstáculos.
  3. Decolagem em áreas confinadas ou com obstáculos:
    • Necessita de uma configuração específica de flapes para maximizar sustentação.
    • A aeronave é operada para alcançar o ângulo de subida ótimo, mantendo segurança sobre obstáculos próximos.

Etapas da decolagem:

  1. Corrida de decolagem: A aeronave acelera até atingir a velocidade de rotação (Vr).
  2. Rotação: O nariz é elevado, e a aeronave deixa o solo.
  3. Subida inicial: O piloto mantém o ângulo de subida adequado para ganhar altitude com segurança.

Pouso

É a operação em que o avião retorna para o solo envolvendo a redução de energia e a transição segura da aeronave para o solo. Há duas técnicas utilizadas para o pouso.

  • Pouso em três pontos
  • Pouso de pista

O pouso três pontos é utilizado por aviões com trem de pouso convencional. O avião entra em estol rente a pista, tocando-a com o trem de pouso principal e a bequilha ao mesmo tempo.

O pouso de pista consiste em tocar a pista com as rodas do trem principal reduzir a velocidade e baixar a bequilha ou o trem do nariz gradualmente até tocar a pista. Este pouso tende a ser mais suave do que o pouso três pontos.

Durante o pouso de pista, os aviões com trem de pouso convencional tem maior risco de pilonagem e cavalo de pau devido ao centro de gravidade localizado atras do trem principal.

As condições mais favoráveis ao pouso são as mesmas que favorecem a decolagem, exceto a inclinação da pista, que deve ser em aclive para ajudar a frear o avião. Os flaps ajudam a reduzir a velocidade na aproximação e aumentam o ângulo de planeio, facilitando o pouso em pistas curtas com obstáculos na cabeceira. Os slots também agem dessa forma.

Tipos de pouso:

  1. Pouso normal:
    • Realizado em condições padrão, com a aproximação estabilizada em uma razão de descida controlada.
    • Envolve a redução de potência e o uso de flapes para desacelerar e aumentar sustentação.
  2. Pouso curto:
    • Realizado em pistas curtas.
    • O piloto utiliza ângulos de ataque maiores e frenagem máxima após o toque no solo.
  3. Pouso com vento de través:
    • Exige compensação para corrigir o efeito do vento lateral.
    • Técnicas como a inclinação da aeronave (sideslip) ou a fuselagem alinhada (crab) são utilizadas.

Etapas do pouso:

  1. Aproximação: A aeronave segue uma trajetória estabilizada em direção à pista, com razão de descida controlada.
  2. Arredondamento (flare): O piloto reduz a razão de descida ao nível do solo para suavizar o toque.
  3. Toque no solo: As rodas principais tocam primeiro, seguidas pelo trem de nariz ou bequilha, enquanto a potência é reduzida ao mínimo.
  4. Corrida de pouso: O piloto utiliza freios e, se disponível, reversores de empuxo para desacelerar.

Arremetida

A arremetida é uma manobra que ocorre quando, durante o procedimento de pouso, o piloto decide ou é obrigado a interromper o pouso e retornar ao voo, geralmente para uma nova tentativa de aproximação. Essa manobra é considerada um elemento essencial da operação segura na aviação, permitindo evitar situações perigosas durante o pouso.

Razões para Executar uma Arremetida

A decisão de arremeter pode ser tomada por diversos motivos, incluindo:

  1. Aproximação Instável:
    • A trajetória ou velocidade da aeronave não está dentro dos parâmetros de segurança na fase final da aproximação.
  2. Obstrução na Pista:
    • Presença de aeronaves, veículos ou outros obstáculos que possam comprometer o pouso seguro.
  3. Condições Meteorológicas:
    • Mudanças repentinas no vento, como rajadas ou ventos de través excessivos, dificultando o controle da aeronave.
  4. Problemas Operacionais:
    • Falha técnica ou configuração inadequada dos sistemas da aeronave, como flapes ou trem de pouso.
  5. Decisão do Controle de Tráfego Aéreo (ATC):
    • Quando a separação mínima entre aeronaves na pista não é garantida, o ATC pode instruir a arremetida.

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