Neste capítulo vou estar explicando como é efetuada a leitura e interpretação das principais cartas utilizadas no voo visual. As principais cartas são: VAC, ADC, PDC, WAC e REA. Obviamente existem outras cartas que são utilizadas no voo IFR, porem, para o voo VFR vamos nos limitar apenas a estudar esses cinco tipos de cartas.
VAC – Visual Approach Chart
Esta carta contém descrito o procedimento de aproximação visual para o aeródromo a qual se refere. Os aeródromos que não possuírem uma VAC é utilizado o circuito de tráfego padrão conforme estudado em regulamentos de tráfego aéreo.
Nesta publicação vamos apresentar a VAC do aeródromo de Campos dos Goytacazes no Rio de Janeiro. Na imagem abaixo pode-se ver as principais informações que esta carta trás. Veremos mais detalhadamente cada informação separadas.

Primeiramente, vem apresentado na carta um cabeçalho com algumas informações como: tipo de carta, nome e ICAO do aeródromo, localidade do aeródromo, elevação etc como podemos ver abaixo:

Na área marcada de azul podemos ver o nome da carta. Em algumas cartas nesta mesma área vem descrito o ICAO do aeródromo.
Na área marcada de laranja podemos ver o nome do aeroporto, bem como a sua localização.
Marcado de verde encontra-se a elevação do aeródromo em pés.
Na área em vermelho encontram-se as frequências utilizadas nesta localidade. Toda vez que a terminologia “NIL” aparecer significa que este aeródromo não possui frequência disponível para utilização nessa categoria como é o caso do ATIS e do GNDC do aeródromo de Campos.
Na visualização do plano de aproximação podemos ver descrito as informações de perfil de aproximação que a aeronave deve cumprir para se aproximar do aeródromo de campos.

A primeira informação que temos é que as aeronaves devem ingressar no circuito sempre a 45° e quando for avião efetuar circuito sempre pelo setor NW do aeródromo e quando helicóptero efetuar o circuito pelo setor SE do aeródromo. Sendo que os aviões devem manter circuito a uma altura de no mínimo 1000 pés enquanto os helicópteros mantem circuito a uma altura de 500 pés. As cartas de aproximação também mostram o perfil de saída que as aeronaves em voo visual devem cumprir quando estiverem partindo do aeródromo que utiliza a carta. O perfil é mostrado pelas linhas tracejadas conforme vemos na imagem, e nesta carta, a informação que ela nos traz é:
Aviões após decolarem devem efetuar curva para o setor NW do aeródromo e helicópteros para o setor SE do aeródromo.

No campo informações pré-aproximação também conhecido como RMK, traz algumas informações de suma importância para os pilotos. Informações estas que o piloto deve estar sempre ciente por se tratarem de informações importantes para a aproximação no aeródromo.
Podemos ver que a VAC de SBCP traz 4 informações. Dentre elas limitações de velocidade, restrições de pousos e decolagens simultâneas. Em alguns casos neste campo também pode vir mencionado as condições do espaço aéreo nos arredores do aeródromo como a concentração de aves nas proximidades do aeródromo mencionado na VAC de Campos.

No rodapé da carta vem mencionado a data de sua atualização, é de suma importância que seja sempre conferido a data para que não se usem cartas desatualizadas.
ADC – Aerodrome Chart
A carta de aeródromo traz consigo informações importantes relativas ao aeródromo de sua competência. Informações como taxiways, pistas, pátios, prédios etc.
A carta de aeródromo possui basicamente a mesma aparência da carta VAC. Inicia-se por um cabeçalho com informações do nome do aeródromo, ICAO, localidade, elevação e nome da carta como podemos ver na imagem abaixo.

Logo abaixo podemos ver as frequências utilizadas nesse aeródromo. Onde aparecem nesta ordem: A frequência do ATIS, tráfego, solo e torre.

Logo abaixo das frequências podemos ver o perfil da carta com as principais informações do aeródromo.

Uma das informações que essa carta traz são as informações de pátio marcadas de vermelho na imagem acima. Vemos que o aeroporto do Galeão possui sete pátios de estacionamento, sendo os pátios 1, 2, 3, 4, 5 e 6 pátios destinados a aviação civil e o pátio 7 reservado a aviação militar. Ligando os pátios as pistas podemos ver as taxiways, cada taxiway recebe uma letra como designativo (marcadas em verde na imagem acima), e a função delas é orientar as aeronaves do pátio até as pistas. Por exemplo, uma aeronave encontra-se no pátio 7 e deve decolar da cabeceira 10. Está é orientada pelo solo a seguir pela taxiway B, M, P. O piloto então deve seguir conforme mostrado abaixo.

A carta ADC também traz informações sobre as pistas, destacadas de azul na imagem. Temos o comprimento e largura da pista, do que é feito o seu pavimento, indicações das cabeceiras, em alguns aeródromos é apresentado os auxílios a navegação como o LOC e o ALSF mostrados na carta do Galeão. Informações como zona livre de obstáculos ao redor da pista também é mostrada nessa carta.
O verso da ADC possui algumas informações complementares relativas as características físicas da pista (dimensões, PCN e tipo de superfície), distancias declaradas (TORA, ASDA, TODA, LDA), auxílios visuais e coordenada das cabeceiras.
Nesta mesma área, aparecem também as sinalizações horizontais e auxílios luminosos instalados nas pistas e pôr fim a carta traz algumas observações no campo RMK que são úteis ao voo.
PDC – Parking Display Chart
Essas cartas tem a função de mostrar as posições de estacionamento no(s) pátio(s) do aeródromo. Ela possui a mesma aparência das cartas anteriores. Cabeçalho, comunicação e perfil da carta. Como já foi falado anteriormente sobre o cabeçalho e as frequências de comunicação vamos pular para o perfil da carta e analisar as informações que essa carta traz.
Como já mencionado, a PDC tem a função de mostrar as posições de estacionamento dos aeródromos. Utilizaremos como exemplo a PDC do aeroporto de Santos Dummont no rio de janeiro, figura abaixo.

Podemos ver na carta que o aeródromo de Santos Dummont possui três pátios. Sendo o pátio 1 dividido em parte A e parte B destinado a operação de aeronaves de linha aérea. Pátio 3 destinado ao uso militar e pátio 2 destinado ao uso da aviação geral. Outros dois pátios também aparecem na carta, o pátio do GEIV e o pátio do COMAR destinados também ao uso militar. Podemos ver que no pátio 1 temos as posições de 1 a 8 com designação numérica e as posições de R9 a R21 com designação alfanumérica. Isso significa que as posições de 1 a 8 possuem portão de embarque e desembarque, os famosos gates. Já as posições de R9 a R21 são posições de parking onde o estacionamento bem como embarque e desembarque é remoto.
O verso da PDC possui as coordenadas das posições de estacionamento para caso seja necessário.
WAC – World Aeronautical Charts
As cartas WACs são utilizadas para efetuar a navegação visual por contato de um ponto a outro. Estas normalmente são encontradas em uma escala de 1 x 1.000.000 e possuem inúmeras informações para quem as utilizam. Abaixo temos uma carta WAC. Vejamos:

A área destacada de vermelho é uma pequena legenda que a carta possui para mostrar o que significa os inúmeros símbolos que esta carta possui.
A área destacada em verde é a escala da carta, bem como os gráficos de correlação de distâncias.
A área destacada de azul é definitivamente a carta e o local onde vamos analisar todas as informações bem como planejar a navegação.
A primeira legenda que a carta mostra é a legenda de cores (hipsométricas), usada para mostrar a elevação do terreno. Conforme mostra a imagem abaixo:

Abaixo podemos ver pequenas legendas de cidades, estradas, linhas de ferro e limites de fronteira nacional e internacional.

Outras legendas são mostradas na carta como as informações aeronáuticas descritas na imagem abaixo.

Outra informação superimportante descrita na legenda é a de informação do aeródromo.
Como pode-se ver na imagem abaixo o primeiro grupo de números indica a altitude do aeródromo seguido da letra L que indica que o aeródromo possui iluminação mínima para operação noturna e da letra H indicando que o aeródromo possui pista pavimentada. O último grupo de números corresponde ao comprimento a pista em centenas de metros. Como mostrado na legenda, o traço (-) será colocado quando não há iluminação (L) ou caso a pista não seja pavimentada (H).

As linhas isogônicas são representadas na carta WAC por linhas roxas tracejadas conforme podemos ver na imagem abaixo.

As cartas WAC são baseadas no norte verdadeiro, porem ao voarmos a bussola do avião se baseia no norte magnético. Por conta disso deve-se efetuar a correção da proa verdadeira para proa magnética utilizando o valor de DMG do local.
Outra coisa que devemos atentar é para a variação anual da carta. Como mostrado acima, as linhas isogônicas possuem valores datados do ano de 2015 e uma variação anual de 5’00’’W. Portanto, ao utilizarmos essa carta num ano diferente deste devemos fazer a atualização da DMG conforme já aprendido em aulas passadas.
Cada quadrante da carta WAC limitado por linhas de paralelos e meridianos possui uma indicação de elevação máxima conforme mostrado ao lado.
Lembrando que o algarismo maior é representado em milhares de pés, ou seja, de mil em mil pés e o algarismo menor é representado em centenas de pés.


No exemplo ao lado podemos ver um quadrando retirado da WAC referente ao Rio de Janeiro onde vemos destadado em vermelho o número referente a maior elevação nesse quadrante.
Continuando a analisar as legendas vemos algumas tratando sobre auxilios a navegação e obstáculos. Conforme mostrado abaixo:

Todos os espaços aéreos de uso especial estão representados na carta WAC, com exceção aos espações aéreos condicionados ativados por notam. Na imagem abaixo podemos ver como esses espaços aéreos são mostrados na carta. Podemos ver também que esses espaços aéreos possuem uma nomenclatura de acordo com a sua função (já estudado em regulamentos de tráfego aéreo). Pode-se consultar o AIP-BRASIL a fim de se identificar o motivo e características desse espaço aéreo especial.

A utilização, bem como, o planejamento de voo utilizando a carta WAC foi mostrado em vídeo aula posterior. Portanto não será abordado novamente nessa apostila.
REA – Rotas especiais de avião ou REH – Rotas especiais de helicópteros
Essas cartas são utilizadas em terminais de grande movimentação para ordenar o fluxo do tráfego aéreo VFR de modo a não interferir no tráfego aéreo IFR, ou seja, são rotas especiais onde os voos VFR devem obrigatoriamente seguir quando voando em uma terminal de grande movimentação de aeronaves. Vejamos a carta REA na CTR vitória como exemplo.

O corpo da carta é composto pelos corredores, pelas posições de referência e pelos portões.
Os portões são os espaços definidos para uso ao entrar e sair de um corredor (REA).
As posições de referência são posições geográfica definida a partir de coordenadas geográficas que servem de referência para a definição do início e do final de um determinado trecho dentro de uma REA específica. A posição de referência (ou posição) está vinculada a um ponto de referência no terreno, de observação visual.
Cada posição possui um nome de identificação conforme podemos ver na imagem abaixo. A posição Potiri, a posição Nova Almeida e a posição Jacaraípe.

Os corredores (REA) são os espaços onde o tráfego aéreo VFR deve voar.
Cada REA possui um nome, uma orientação de rumo (de ida e vinda) e altitudes que devem ser mantidas ao se passar por elas. Vejamos na imagem abaixo a REA Manguinhos retirada da carta de vitória. Nota-se que esta REA se inicia no portão Manguinhos e termina na posição Nova Almeida, que dá início a outra REA não mostrada na imagem.

Vemos que o rumo usado na ida (posição jacaraípe – Posição Nova Almeida) é o 019° e na volta (Posição Nova Almeida – posição Jacaraípe) é o 199° e a altitude máximae mínima para esse trecho é de 1000 pés.
Fique atento as possíveis legendas e informações que as cartas mostrarão.
