NECESSIDADE
A comunicação é uma necessidade. À medida que as sociedades evoluem, aumentando o campo do conhecimento humano, mais necessária é a habilidade da comunicação. Pesquisas recentes evidenciam esta necessidade na atividade aérea, principalmente devido à complexidade de procedimentos e à premência de respostas. Na instrução aérea aparece outro fator, que é a relação instrutor-aluno e a transmissão de conhecimentos em condições desfavoráveis. A junção destes dois argumentos nos mostra a importância do domínio das técnicas de comunicação para o nosso desempenho profissional.
Dentre as diversas formas de comunicação, analisaremos aquela que, sem dúvida, representa a maior parte do nosso dia a dia e que é a de uso mais constante: a comunicação oral. Estudaremos uma técnica específica de comunicação oral que muito nos facilitará a atividade de instrução quer dando aulas, briefings ou instrução aérea propriamente dita.
O nosso objetivo será desenvolver a sua capacidade de exposição oral, começando com uma análise dos atributos de quem se comunica a escolha do método para a apresentação das ideias e os passos preparatórios da exposição. Uma vez estudadas estas fases iniciais, passaremos ao carro chefe deste capítulo: as técnicas requeridas para o sucesso de sua comunicação. Cabe-nos ressaltar que este sucesso começa do expositor, a partir de uma postura interna, a qual chamamos de “atributos”.
ATRIBUTOS DO INSTRUTOR
O que faz um instrutor ser eficiente? De nada adianta o domínio das técnicas de comunicação se seus alunos não entendem. Como nos fazer compreender? A resposta a estas perguntas é simples, porém exigirá uma constante reflexão ao longo de suas atividades. O instrutor, independente do preparo cuidadoso da sua tarefa, deve ter credibilidade.
O que entendemos como credibilidade pode ser decomposto em três aspectos distintos: o primeiro e o mais importante é a honestidade. É através dela que conquistamos a confiança dos alunos, quebrando barreiras e nos fazendo entender. Em suma, o expositor sincero está em paz consigo mesmo e pode desenvolver outro atributo, que é o conhecimento do assunto e do elemento humano (seus alunos). O último aspecto é uma boa organização e apresentação das ideias.
Sinceridade e conhecimento são desenvolvidos ao longo da carreira. O que resta aprimorar é a habilidade em organizar e apresentar os conhecimentos, o que será analisado a seguir.
MÉTODO DE APRESENTAÇÃO
Para organizar e apresentar ideias adotaremos o método de fazer uma exposição (comunicação) baseada num sumário. Ou seja, o instrutor terá como guia um sumário das ideias principais, que servirá como linha mestra da exposição.
Com o sumário, a preparação antecipada da tarefa e a própria prática individual, teremos uma flexibilidade de adaptação às reações da audiência (alunos), cujo resultado será mais eficiente.
Ao planejar e preparar uma Exposição Oral (aula ou briefing), o instrutor não segue regras fixas que garantam o sucesso de sua comunicação, mas deve ater-se ao seguinte princípio: a preparação tem de ser a mais completa e detalhada possível, porém sem limitar a tão necessária flexibilidade que lhe permite ajustar-se às reações dos alunos. A cada momento desta fase o instrutor deve ter em mente que o objetivo básico da preparação é tornar a mensagem, ou seja, o conteúdo da apresentação, o mais claro, objetivo, adequado e compreensível para a sua audiência. Com o sugestão, apresentamos
uma “lista de verificações”, que pode ser utilizada no planejamento e na preparação desta
tarefa.
Seleção e Limitação do Assunto
Seleção do Assunto
Selecionar o assunto de acordo com a sua aplicação na instrução aérea ou na formação do piloto.
Limitação do Assunto
Alguns assuntos são de tal maneira extensos ou complexos que se torna impossível esgotá-los dentro de um tempo limitado. Neste caso, cabe ao instrutor adequar a amplitude do tema ao tempo disponível, sem esquecer, contudo, dos aspectos que, realmente, interessam aos alunos. Via de regra pode-se limitar um tema da seguinte forma:
- pela divisão do tema em partes (assuntos), apresentando uma delas. Ex.:Tema:A Aeronave PT – FLY
- Divisão:Sistema Hidráulico
- Sistema Elétrico
- pela escolha de um dos aspectos do tema.
- Ex.:Tema:A Aeronave PT – FLY
- Divisão:Procedimentos Normais
- Procedimentos de Emergência
O BRIEFING
INTRODUÇÃO
Com certeza você já recebeu briefing e debriefing ao longo de sua carreira aviatória.
Esta atividade beneficia sobremaneira o processo ensino-aprendizagem.
Quando recebíamos um briefing, estávamos na posição de alunos e sabíamos que estas orientações eram sólidas e importantes, mas, ainda, sem condições de avaliar a sua real dimensão. Para o Instrutor de Voo são necessários conhecimentos adicionais para podermos não só ministrar tais atividades mas, principalmente, reconhecer o seu real valor .
Assim, neste capítulo, trataremos das vantagens do briefing e como ministrá-lo, através das suas TRÊS DIVISÕES BÁSICAS que são: a fase do acolhimento, início da tão necessária interação instrutor-aluno; os ensinamentos propriamente ditos; e finalmente, a preparação para o voo.
O briefing e o debriefing são, como já vimos anteriormente, técnicas de instrução, e como tal precisamos saber as suas vantagens, para que possamos colocá-los no momento adequado.
VANTAGENS
A rigor, um briefing é uma reunião informal do instrutor com seu(s) aluno(s) com vistas a uma preparação para o voo, onde serão descritos e analisados todos os procedimentos a serem realizados durante a instrução aérea. E, porque não dizer, uma espécie de simulador de voo, só que bem mais barato.
A instrução aérea, por suas características, é impar. Tanto a maneira de ensinar como o relacionamento instrutor-aluno não seguem os padrões normais a que estamos acostumados. A comunicação em voo é dificultada pelo ruído do motor (principalmente na instrução de pilotagem elementar) e pela rapidez de resposta que é exigida do aluno. Assim sendo, é necessário que todas as manobras a serem ensinadas em voo estejam exaustivamente preparadas no solo. Esta é uma das razões do briefing.
Outra razão, também muito importante para o aluno, é o custo da hora de voo. É muito melhor pagar cerca de 10% do valor de uma hora de voo pelas informações no solo, do que pagar o valor completo pelas mesmas informações em voo. O instrutor deve estar consciente da sua responsabilidade e ministrar suficiente instrução no solo (briefing). Muitos instrutores trocam instruções no solo por instruções em voo, no afã de realizar mais horas de voo ou mais dinheiro.
Finalmente, o briefing é uma oportunidade do instrutor avaliar o nível de preparação para o voo do seu aluno, podendo cobrir as áreas que apresentam falhas e até modificar o seu programa de voo; pois, definitivamente, “lá em cima” não é o local de dúvidas quanto aos procedimentos para as manobras. Um bom briefing ajuda na segurança de voo.
FASES DO BRIEFING
Reconhecida a necessidade e as vantagens do briefing, vamos estudá-lo nas suas partes e quais os procedimentos específicos do instrutor em cada uma delas .
Como dissemos anteriormente, a instrução aérea é ímpar, e por isto envolve uma série de fatores não comuns a outras atividades didáticas. Um destes fatores é o relacionamento instrutor-aluno que está fora do seu “habitat” natural, a Terra.
1. Acolhimento
Toda instrução aérea começa com um alto grau de expectativa (às vezes até dissimulado pelo aluno). Para o jovem piloto, o voo faz parte do seu processo de autoafirmação. E tudo depende do instrutor; “lá em cima” estão os dois apenas, o instrutor de voo é o professor e o juiz. Para minimizar esta condição, o instrutor deve criar um clima de confiança mútua, de seriedade, tornando o aluno mais confiante em si e na instrução.
O Instrutor deve se interessar pela situação do aluno, seus anseios, seus problemas, enfim, deve conhecer que receberá a sua instrução: se ele está nervoso; em que ele confia; qual a sua expectativa de voo. Para tal, o caminho é conversar sobre amenidade, procurando assim conhecer o aluno para, num passo seguinte, conquistar a sua confiança.
Esta fase é bem realizada quando o aluno acredita que receberá uma boa instrução
e que é merecedor da confiança do instrutor.
O acolhimento assemelha-se àquele “papo inicial”, quando recebemos uma visita para tratar de negócios importantes.
2. Desenvolvimento
Uma vez que não mais existem resistência por parte dos seus alunos, podemos passar
ao DESENVOLVIMENTO do BRIEFING.
Agora, TODOS OS PROCEDIMENTOS da instrução aérea devem ser DETALHADOS. Não existe uma regra relativa ao tempo de duração de um briefing, nem uma quantidade máxima de alunos. Recomenda-se que o briefing seja individual, porém, se vamos realizar o mesmo tipo de instrução com mais de um aluno, podemos, em casos excepcionais,
reunir até cinco alunos (é importante não fazermos deste limite uma regra).
A duração do briefing varia em função do tipo de missão e do aluno. Por exemplo: um aluno que voa sempre com o mesmo instrutor e irá fazer apenas uma missão com um único tipo de manobra (por exemplo: curva de grande inclinação), certamente terá um briefing de poucos minutos. Ao inverso, um briefing poderá durar tanto tempo quanto o desenvolvimento da instrução aérea propriamente dita.
Para esta fase do briefing (DESENVOLVIMENTO), o instrutor deve seguir o que está previsto no seu Manual de Instrução e, sempre que possível, utilizar de um MODELO para descrever a realização das manobras previstas; os seus erros comuns e como
corrigi-los. Exemplo: “vamos realizar uma curva de grande inclinação, onde inclinaremos o avião 45 graus com o seu horizonte (mostrar com o modelo). Para tal, é necessário, primeiramente, clarearmos a área, para nos certificarmos de que não há risco de colisão com outras aeronaves; marcamos um ponto na asa para servir de referencial de 90 graus de curva…; a intenção é não perder altitude durante a curva; mas se você estiver descendo (perdendo altitude), corrija diminuindo a inclinação das asas (utilizar o modelo), sem aliviar a pressão no manche; assim, você recuperará altitude…; lembre de utilizar um ponto no nariz do avião como referencial no horizonte, para manter-se nivelado…”. Observe neste exemplo que o instrutor disse o que fazer, como fazer, como corrigir os eventuais erros e, finalmente, fez comentários complementares.
Também todos os procedimentos de EMERGÊNCIA devem ser comentados e padronizados. Não apenas os previstos no Manual de Instrução como exercício, mas as emergências reais possíveis durante o voo. Isto ajudará ao aluno a criar uma DOUTRINA DE SEGURANÇA DE VOO e, no futuro, uma doutrina de cabine.
3. Preparação para o Voo
Com todos os assuntos da instrução aérea já esgotados, o instrutor e o aluno seguirão para o avião ou aguardarão a hora prevista. É este o momento em que o instrutor deve tentar reduzir o medo, a tensão e a ansiedade que a instrução aérea pode suscitar.
É natural que os alunos fiquem tensos antes do voo. Alguns instrutores consideram “ajuda à instrução”, realizar de maneira brusca e perigosa certas manobras que o aluno está errando, tais como: estóis, parafusos e acrobacias. Isto provoca medo no aluno, sem que haja desinteresse pelo voo. A ansiedade de é também característica dos alunos de voo, principalmente diante de uma manobra ou situação nova.
É muito difícil para o instrutor perceber isto antes do voo – talvez mãos suadas, suor desce nas axilas…- de modo que, sempre deve ser feito um trabalho preventivo, que chamamos PREPARAÇÃO PARA O VOO.
Nesta fase, o instrutor deve transmitir segurança de voo, enquanto na fase
“ACOLHIMENTO” ele transmitiu segurança para a sua instrução.
Uma conversa a respeito da missão realçando que muitos já a realizaram anteriormente sem problemas e que serão observadas todas as normas de segurança, certamente ajudará nesta fase do briefing.
Lembre-se que estudos demonstram que até 30% do rendimento pode ser perdido em condição de tensão, ansiedade e medo.
DEBRIEFING
Como foi abordado anteriormente, a CRÍTICA é a arte de apreciar méritos e deméritos de um desempenho, com o objetivo de aprimorá-lo; pois o DEBRIEFING é uma CRÍTICA DO VOO.
Ao estudar a CRÍTICA vimos que ela deve ser oportuna, e é após o voo que devemos comentar os acertos e erros cometidos, pois ajuda a fixação dos conhecimentos. Em adição, estes comentários servem para facilitar a mentalização dos procedimentos corretos e assim realizar o chamado “voo mental”.
Não existe tempo determinado para o debriefing; variará de acordo com a missão e o desempenho do aluno e serve como preparação para o próximo voo. Nesta fase (debriefing) evite posturas parciais, depreciando o desempenho do aluno, aumentando a sua tensão ou exagerando o seu desempenho do, causando problemas para a próxima missão e, quem sabe, para o próximo instrutor.
Um bom debriefing deve seguir os procedimentos já estudados na crítica, estimulando a confiança e a capacidade de autocrítica do aluno.
Conclusão
Como vimos, o BRIEFING e o DEBRIEFING fazem parte da instrução aérea.
É uma atividade barata em relação ao voo propriamente dito e que facilita o trabalho do instrutor em voo.
O uso desta atividade ajudará o aluno, futuro profissional ou não, a ter uma mentalidade de SEGURANÇA DE VOO, de DOUTRINA e DISCIPLINA, indispensáveis à atividade aérea.
Esboço Inicial
Neste ponto, o instrutor pode iniciar a pesquisa e ordenação da sua tarefa. Partindo do conhecimento que tem do assunto, inicia a elaboração do esboço, sem grandes preocupações de ordem estética ou de desenvolvimento do assunto, cuidando, apenas, de anotar tudo o que deve ser dito. Dois itens devem estar presentes nesta fase: as fontes de consulta e os apoios, que ajudarão os alunos a compreender com maior facilidade.
Montagem do Sumário
Após preparar e fundamentar seu trabalho, o expositor irá preparar a montagem final, calcado no conteúdo do esboço inicial. Nesta transição é oportuno salientar que nunca devem ser perdidos de vista os princípios da clareza, objetividade, precisão e concisão.
Deverá ser observada, para a montagem do sumário, a seguinte sequência:
- Assunto (definir o título)
- Objetivo
- Introdução
- Desenvolvimento
- Conclusão
Não há necessidade de se escrever tudo, mas apenas os tópicos principais. Com um sumário bem montado o instrutor terá um excelente guia para orientá-lo. Temos, porém, que definir o que será feito na introdução, no desenvolvimento e na conclusão. A introdução é o momento que dispomos para preparar à audiência para o assunto. Neste primeiro contato com os nossos alunos devemos, inicialmente, chamar a atenção deles para a nossa pessoa, pois geralmente eles se encontram com a atenção dispersa ao chegarmos na sala de aula. Esta fase é chamada de ATENÇÃO e o instrutor pode utilizar uma pergunta geral a respeito do seu assunto, uma piada, cumprimentar a audiência, enfim utilizar um recurso para chamar a atenção dos seus alunos.
Uma vez capturada a atenção para o instrutor o passo seguinte será levar esta atenção para o assunto da aula, ou seja, motivar os alunos para o trabalho a ser desenvolvido. Nesta fase, chamada de motivação, o instrutor deverá mostrar a importância do assunto a ser estudado, qual a sua utilidade.
Com os alunos julgando a matéria importante vamos ao último passo da fase de introdução: a definição do objetivo do trabalho e dos passos que serão seguidos para atingir o objetivo proposto. Neste momento o método recomenda a apresentação de um roteiro que deverá ficar sempre a vista da audiência servindo de referencial para os alunos se situarem ao longo da aula.
Dentro deste contexto de introdução, desenvolvimento e conclusão, estes tópicos devem ser ligados por material transicional.
Para o desenvolvimento devemos preparar o nosso sumário com as ideias agrupadas segundo o exposto no roteiro, não esquecendo de suportá-las com apoios (citações, exemplos, gráficos, estatísticas, etc.).
A conclusão é uma síntese do trabalho, com a preocupação de não se apresentar dados novos, todo o assunto deve ser esgotado no desenvolvimento. Para tal devemos ter preparado no nosso sumário uma revisão dos tópicos mais importantes (sempre se reportando ao roteiro). Após um resumo das partes principais devemos mostrar a importância do assunto dado (remotivar) para, então, encerrar o trabalho (fecho).
Todas estas etapas devem ser listadas no sumário, que servirá de base para a realização do trabalho escolar, assim com o assunto elaborado o passo seguinte será tornar efetiva a nossa comunicação, ou seja, transmitir estes conhecimentos já organizados.
APRESENTAÇÃO DE UMA EXPOSIÇÃO ORAL
Uma exposição oral pode ser comparada, sem grandes exageros, à exibição de um bom espetáculo de teatro não no sentido da peça em si, mas na preparação e no desempenho, no qual os ouvintes presentes representam os alunos, e o expositor, o artista.
Um indivíduo dotado de pouca experiência verificará que a arte de falar a um grupo se torna mais fácil na proporção em que aumentam a experiência e a confiança:
O “medo da turma” ou o “medo de falar em público” constitui a causa mais frequente do insucesso dos expositores: cerca de 80% são atacados desse mal sempre que iniciam uma exposição.
Normalmente, o medo é provocado pela pouca experiência do expositor; mas isso, se bem que natural, não deve ser considerado como fator determinantes de boa ou má apresentação.
Este “medo” pode ser reduzido, desde que se tomem alguns cuidados. Para tanto, o instrutor deve:
- realizar um planejamento e uma preparação da exposição de maneira que domine
perfeitamente o assunto;
- praticar a exposição antes da apresentação. Se possível, solicitar a avaliação de
algum colega;
- iniciar a exposição de maneira calma e deliberada;
- conscientizar-se, por fim, de que o objetivo da exposição é transmitir ensinamentos, lembrando-se que os ouvintes (alunos) ali se encontram para aprender, e não para criticá- lo.
TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO
A efetividade de uma exposição repousa, em última análise, no que é visto, ouvido e compreendido. Para tal, é necessário que, paralelamente à preparação do assunto, o instrutor aplique uma série de técnicas de comunicação que, se bem utilizadas, possibilitarão uma efetiva comunicação entre o apresentador (instrutor) e os ouvintes (alunos). Vejamos:
O Expositor é visto
A maneira pela qual o expositor se apresenta causa uma impressão duradoura na audiência, podendo ajudar bastante na aceitação do próprio assunto a ser tratado. Para
tanto, ele deve atentar para alguns requisitos, como por exemplo a atitude, que deve ser natural e espontânea.
Uma postura correta e uma atitude de autoconfiança colaboram para a credibilidade
do instrutor.
Devem ser evitados o excesso de rigidez, as atitudes tímidas ou a displicência.
A correção no trajar e a higiene pessoal também são fundamentais para a aceitação do apresentador. A gesticulação e a movimentação dão vitalidade à apresentação; não os empregando, o expositor poderá parecer constrangido e deixará de utilizar excelentes meios de tornar-se mais eficiente. Há apenas, uma regra importante a ser observada: fazer com que ambos, movimentação e gesticulação, estejam coordenados com o que se fala.
Uma gesticulação e movimentação adequadas facilitam a comunicação; ao contrário, movimentos cadenciados, maneirismos ou cacoetes desviam a atenção da audiência (alunos) e por isto devem ser evitados. O treinamento que deve anteceder a exposição é uma boa oportunidade para a correção destas deficiências.
Finalmente , o contato visual é um dos melhores recursos utilizados para prender a atenção dos alunos. Deve ser dirigido igualmente a toda audiência, procurando “despertar” em cada ouvinte o interesse pelo tema, na medida em que faz com que cada um se sinta participante. Na “contramão, possibilita ao instrutor uma avaliação imediata da compreensão do assunto abordado.
O Expositor é Ouvido
A voz do expositor é o melhor recurso de que dispõe para tornar sua apresentação dinâmica, agradável e eficiente. Os fatores abaixo relacionados influem neste aspecto das Técnicas de Comunicação:
• Volume
O volume de sua voz deve ser adequado ao tamanho do ambiente, e sugere-se variar o mesmo, vez por outra, para não tornar monótona a apresentação.
• Velocidade da Oração
Via de regra, a velocidade ideal é aquela ligeiramente menor do que a mantida numa conversação informal. A variação também é importante e deve-se evitar os excessos. Se muito rápido, o expositor corre o risco de não ser entendido e, por outro lado, se muito lento, a monotonia e o desinteresse poderão tomar conta da plateia.
• Pausa
É outro recurso com que o expositor, tanto para quebrar o ritmo da apresentação como dar algum tempo à audiência para assimilar uma passagem mais importante.
• Dicção
Palavras resmungadas ou mal pronunciadas não serão ouvidas ou entendidas, redundando na perda da eficiência na comunicação. A clareza, aliada à correção da pronúncia, é fundamental para a transmissão das ideias.
• Locução
É o estilo oral do expositor. Um dos erros mais comuns é uma exposição oral ser conduzida como se fosse um discurso (laudatório, comemorativo ou mesmo político) que tivesse outras finalidades e características.
O Expositor é Compreendido
Para que a comunicação oral atinja seus objetivos, faz-se necessário que haja uma perfeita compreensão e assimilação da totalidade do assunto apresentado. Além da adequação do tema apresentado e dos demais cuidados considerados durante o planejamento da apresentação, toda exposição deve progredir sem atritos ou interrupções não intencionais. Tendo despertado o interesse da audiência (alunos), a melhor maneira de conservá-lo é desenvolvendo o raciocínio numa sequência lógica e contínua. Cada ponto ou ideia deve ter uma relação definida com os tópicos anteriores e posteriores; daí a importância do uso das transições. O assunto deve ser esmiuçado e esgotado, mas nunca além do necessário, para não confundir a audiência com dados e ideias supérfluos. Aclareza com que são apresentadas as ideias definirá boa parte do nível de compreensão obtido numa apresentação. Em consequência, a seleção das palavras que irá empregar
deverá ser uma preocupação do expositor.
Finalmente, a capacidade de adaptação às reações da audiência é muito importante para que o instrutor saiba, a cada momento, se o assunto abordado está sendo assimilado por todos.
Um eficiente contato visual constatará o nível de compreensão dos participantes. A partir desta permanente observação, se notar que a compreensão está sendo prejudicada, o expositor não só pode, como deve, reformular ideias, relembrar conceitos ou mesmo esclarecer pontos.
Eventualmente, pode acontecer que uma frase ou mesmo um dito qualquer, mal colocado, poderá mudar o estado de ânimo da audiência: ferindo suscetibilidades, reformule-o de imediato. Se, por outro lado, este foi estimulante e motivador, não vacile, procure explorá-lo adequadamente.
CONCLUSÃO
Com o estudo do método de se fazer um sumário para uma exposição oral, bem como das Técnicas de Comunicação, o instrutor poderá iniciar as suas tarefas de exposição oral, tais como as aulas sobre as respectivas aeronaves, os briefings e debriefings, assuntos que receberão mais adiante um tratamento específico, onde estas regras aqui estudadas serão de grande valia.
Podemos comparar a exposição oral ao ato de presentear: escolher o presente, embrulhá-lo, escrever o cartão, enfim, torná-lo atraente é a preparação da nossa exposição. Porém de nada adianta termos o “presente” nas mãos; falta entregar a pessoa que desejamos presentear para completar o processo, e é justamente este ato de entrega que nós analogamente estudamos como sendo as técnicas de comunicação; agora sim, efetivamente, presenteamos alguém.