Por orientação espacial compreende-se a habilidade natural do ser humano em manter a orientação e postura natural de seu corpo em relação ao ambiente que o envolve, seja em repouso ou durante movimento.
No voo, o problema da orientação é muito maior do que em solo porque o corpo pode ser influenciado por uma variedade de impressões ilusórias devido às acelerações impostas sobre ele pelo movimento da aeronave.
Desta forma, as pessoas envolvidas na atividade aeronáutica estão sujeitas à situação de desorientação espacial, estado de confusão criado pelo desencontro de informações enviadas ao cérebro através dos órgãos sensoriais, resultando em problemas para reconhecer a posição da aeronave em relação a um ponto de referência específico.
Os órgãos sensoriais responsáveis pela orientação são chamados de órgãos do equilíbrio. Os órgãos sensoriais que se constituem nas principais fontes de informação através das quais o ser humano é capaz de manter o equilíbrio (orientação) em relação à superfície da terra são: o aparelho vestibular (orelha interna), o sistema proprioceptivo (pele e articulações) e o aparelho visual.
O sistema labiríntico é a central de informações, que recolhe os impulsos de todos os sensores e o sistema nervoso central as recebe para serem analisadas. As informações recebidas devem ser coerentes. A chegada de informações conflitantes pode resultar em tontura e enjoo até que o sistema se habitue a esta nova realidade.
Desorientação Espacial
Desorientação espacial ou “vertigem de piloto” é uma condição a qual existe quando um piloto não pode determinar acuradamente a localização da superfície da Terra. Todos os pilotos são suscetíveis a ela e podem experimentar ilusões sensoriais enquanto voando à noite ou em certas condições meteorológicas. Estas ilusões podem conduzir a um conflito entre indicações de atitude real e o que o piloto “sente” da atitude no espaço que ele está. Pilotos desorientados não podem estar a par de seu
erro de orientação ao todo. Muitos acidentam enquanto atarefadamente engajados em algumas tarefas que toma suas atenções para longe dos instrumentos de vôo. Outros percebem um conflito entre seus sentidos corporais e os instrumentos de vôo, mas acidentam porque eles não podem resolver o conflito.
É importante lembrar que ilusões sensoriais ocorrem independentes de proficiência e experiência de piloto. Um entendimento básico dos órgãos de equilíbrio, dos mecanismos fisiológicos de várias ilusões e as condições de voo onde estas ilusões podem ser esperadas pode ajudar o piloto bem sucedido a enfrentar desorientação espacial.
Nossos olhos são os principais responsáveis pela nossa orientação durante o vôo. Temos os órgãos de equilíbrio em nossos ouvidos, mas eles não são muito eficazes como sensores de orientação durante o voo, pois perdemos a sensação de equilíbrio e de orientação fornecidos pelos nossos olhos, que tem no “horizonte” a mais importante referência.
Tipos de Desorientação
Tipo I: o piloto está distraído para o fato de que ele está desorientado e controla o avião completamente em resposta às falsas sensações de atitude e movimento dele ou dela.
Tipo II: o piloto imagina que algo esta errado com o modo do avião estar voando, mas NÃO imagina que a fonte do problema está na desorientação espacial.
- Quando um piloto está extremamente ocupado manipulando os controles do cockpit, ansioso, mentalmente estressado ou fatigado, a proficiência do piloto sobre os instrumentos de voo é reduzida.
- Quando um piloto está distraído nos cheques cruzados dos instrumentos, durante fases de voo com tarefas intensas e em condições marginais meteorológicas ou de visibilidade, a habilidade do piloto para reconhecer e/ou impedir desorientação espacial é severamente diminuída.
- Muitos acidentes e incidentes com desorientação espacial têm sido relatados durante a penetração da curva, aproximação final, subida após a decolagem, perfil de subida.
No Tipo II existe uma grande probabilidade de que o piloto, caso não perceba a tempo que está num processo de desorientação, venha a ser vítima da falsa sensação e acabe levando a aeronave para uma atitude de voo tão crítica que sua recuperação se torna irreversível.