Planejando uma navegação visual

Nessa aula ensinaremos como efetuar um planejamento de navegação aérea visual, mediante tudo o que foi ensinado nessa apostila. Dessa forma, o estudo de todas as outras aulas é fundamental para o entendimento dessa. É essencial que o planejamento do voo seja feito de forma atenciosa e com atenção. Um bom voo já se começa com um bom planejamento.

O planejamento do voo nada mais é do que todo o estudo feito antes de cada voo. Faz parte do planejamento de voo também as providencias tomadas antes da realização do mesmo.

São exemplos de itens relacionados a um planejamento de voo:

1 – Verificar se os documentos do piloto e da aeronave estão válidos e em ordens para o voo.

2 – Verificar nas cartas, ao longo da rota do voo, quais os pontos de referências de maior destaque, quais as declinações magnéticas utilizaveis na região, qual a formação do terreno onde voará, quais aerodromos mais próximos poderá utilizar caso seja preciso realizar um pouso de emergência, quais rumos e distâncias entre os trechos, quais as latitudes e longitudes dos pontos de referencia da rota e aerodromos, quais os rios, estradas, cidades e tudo mais que possa ser útil durante o voo.

3 –  Verificar as condições meteorologicas no aerodromo de saída, de destino, de alternativa e também em rota. Os ventos reinantes nos diversos níves de voo também deverão ser verificados.

4 – Verificar as condições dos aerodromos envolvidos no voo. Verificar NOTAM, rotaer, condições das pistas, abastecimento etc

5 –Verificar os equipamentos de bordo e as condições da aeronave.

6 – Escolher um nível de voo apropriado para o voo, calcular autonomia e o abastecimento para o voo.

7 – Preencher a notificação de voo ou plano de voo.

8 – Efetuar um check pré-voo na aeronave antes do voo.

Focaremos nesse capítulo no planejamento da navegação em si. Nesse planejamento descobriremos quais rumos ou proas tomar. Quanto tempo para atingir uma determinada referência, bem como o destino e também o planejamento do combustível necessário para o voo. Tudo isso deve ser visto pelo piloto antes do voo.

Será ensinado basicamente a como preencher a folha de planejamento. Essa folha possui quatro partes essenciais: Fase de subida, cálculos de autonomia e abastecimento, fase do voo e a fase de descida. Será mostrado cada uma separadamente para melhor entendimento.

Todos sabemos que os voos são feitos em três etapas, etapa de subida, de cruzeiro e de descida. Para o planejamento da navegação deve-se entender como funciona exatamente essas etapas. Vamos analisar primeiramente a etapa de subida, que tambám chamamos de perfil de subida.

Observe na imagem que,  o perfil de subida se inicia no solo e termina no nível de voo escolhido como nível de cruzeiro.

O solo de onde a aeronave decolou possui uma elevação e temperatura. Conforme a aeronave for subindo a temperatura tende a diminuir, dessa forma fica claro perceber que a temperatura no nível de voo será diferente da temperatura no solo, não só diferente como tambem menor do que a temperatura do solo.

Na imagem abaixo pode-se ver a parte da folha de planejamento referente ao perfil de subida. Deve-se preencher cada informação conhecida a fim de se poder cálcular outras informaçõe que são essenciais para o desenvolvimento do voo. Para cada informação existe uma formula, porem, é essencial que se entenda perfeitamente o porque dos cálculos serem da forma que são.

Na imagem abaixo apresentamos o quadro de formulas. A primeira a vista as formulas podem assustar um pouco, mas ficará fácil de memoriza-las quando o entendimento de cada uma ficar claro na cabeça de vocês.

1 – Variação de subida (∆H) – Como o próprio nome já diz é o espeço vertical percorrido pela aeronave na subida. Fica claro entender que o calor desse espaço é a diferença entre o nível de voo voado e a elevação do aeródromo.

2 – Variação de temperatura – Já vimos anteriormente que a temperatura diminui 2 graus para cada 1000 pés que se sobe. Portanto se multiplicarmos a variação de subida por 2 e dividir esse resultado por 1000 teremos o quanto de variação ocorreu na temperatura.

3 – Temperatura no nível de voo – Fica claro perceber que a temperatura no nível de voo será a subtração da temperatura do aeródromo e da variação de temperatura calculada anteriormente. Observar que a variação calculada corresponde a todo o percurso de subida.

4 – Tempo estimado de subida – O tempo estimado de subida nada mais é do que o tempo que a aeronave leva para percorrer a variação de subida, ou seja, é o tempo que ela demora para chegar até o nível de voo escolhido. Para isso deve-se entender o conceito de razão de subida. A razão de subida nada mais é do que a quantidade de pés que uma aeronave sobe por unidade de tempo, normalmente usamos como referência os minutos. Cara calcular o tempo total que a aeronave demora para percorrer a distância vertical entre o aeródromo e a nível de voo, basta dividir a variação de subida pela razão de subida.

5 – Altitude média de subida – Esse cálculo tem como objetivo determinar qual a altitude média da subida para juntamente com a temperatura média de subida encontrarmos a velocidade aerodinâmica média de subida. Esse cálculo é muito importante, pois na subida a VA será diferente da VA de cruzeiro. Pela definição de média fica claro entender que será a soma da altitude do aeródromo com o nível de voo dividido por 2.

6 – Temperatura média de subida – A temperatura média de subida tem a mesma função da altitude média de subida e o seu cálculo é bem parecido. Apenas utilizaremos agora a soma da temperatura do solo com a temperatura do nível de voo e dividir esse resultado por dois.

Vimos na imagem do perfil de subida que devemos também calcular a velocidade aerodinâmica, tanto de subida como de cruzeiro. Os cálculos da velocidade aerodinâmica já foram mostrados em capítulos anteriores, portanto não serão mostrados novamente aqui.

Obs: Nos cálculos de VAC e VAS deve-se ficar atento para utilizar os dados corretos e não causar confusão. Fique atento:

  • VA de subida deve ser calculada junto com altitude média de subida, VI de subida e temperatura média de subida.
  • VA de cruzeiro deve ser calculada junto com o nível de voo, VI de cruzeiro e temperatura do nível.

Preenchido corretamente o perfil de subida passe para o perfil referente aos cálculos de autonomia e abastecimento.

Para isso deve-se saber a distância de cada trecho. Em capítulos anteriores também já foi ensinado a como calcular as distancias entre dois pontos numa carta.

Com a VAC calcular o tempo que levará o avião para percorrer essa distância e sabendo o consumo médio da aeronave podemos calcular a quantidade de combustível necessária para cada etapa.  

O cálculo do tempo de voo pode ser efetuado mediante uso do computador de voo ou também através da formula D=VT. Onde D = distância, V = velocidade e T = tempo de voo.

O próximo passo é preparar a navegação em si. Preencher a tabela abaixo, primeiramente, com os dados conhecidos e após calcular os dados não conhecidos. Ficar atento a, fase de subida, cruzeiro e também de descida.

Para a realização dos cálculos é primordial a memorização das formulas abaixo e também o entendimento de cada uma. Anteriormente em outras aulas já foi ensinado o princípio de cada formula, portanto não será apresentado novamente nessa aula de forma detalhada, faremos apenas um pequeno resumo.

Lembre-se !!!

O rumo é o que pretendemos seguir, é o planejado e riscado na carta. No voo real voa-se proa, pois a presença do vento é quase sempre constante.

Lembre-se também que:

No planeta Terra temos 02 nortes (verdadeiro e magnético) que não são coincidentes – existe entre eles uma diferença angular chamada declinação magnética (DMG). Como cartas aeronáuticas são traçadas em função do norte verdadeiro (NV) e as bussolas das aeronaves são orientadas pelo norte magnético (NM) devemos saber efetuar a conversão.

Lembre-se também que:

Como em decorrência do vento poderá ocorrer uma deriva no seu voo para direita, ou esquerda. Você terá que valer-se do seu computador de voo para obter um ângulo de correção da deriva (acd) para fazer frente ao efeito do vento. Lembre-se que a correção será feita sempre para cima do vento.

  • Vento de direita = deriva para a esquerda – acd para a direita.
  • Vento de esquerda = deriva para a direita – acd para a esquerda.

Vimos também que existe o Norte bússola, com isso surge também a proa bússola (PB) que é utilizada a partir da PM somando ou subtraindo o desvio de bússola, como nas formulas abaixo.  

Existe também um pequeno “macete” para memorizar as formular acima. Chamamos esse macete de quadradinho mágico.

Basta organizar as siglas conforme mostrado acima, e seguir a orientação abaixo. 

  • Direção da seta soma quando for W
  • Direção da seta subtrai quando for E

Para finalizar o planejamento da navegação devemos efetuar os cálculos de descida. O perfil de decida é bastante semelhante ao perfil de subida, muda-se apenas a direção em que ele ocorre. Nesse caso do nível de voo até a elevação do referido aeroporto de destino. Dessa vez ao iniciar a descida determos temperatura cada vez mais altas. Aumentando na razão de 2 graus para cada 1000 pés. Com isso fica claro perceber que a temperatura no aeródromo será maior do que a temperatura no nível de voo.

Os cálculos de descida são bastante semelhantes aos de subida, tanto que utilizam formular bem idênticas. Mostradas abaixo.

A explicação das formulas acima é exatamente igual as do perfil de subida, única diferença é que nessas devemos relaciona-las com a descida, dispensa-se as suas explicações.

Na imagem abaixo pode-se ver a parte da folha de planejamento referente ao perfil de descida. Deve-se preencher cada informação conhecida a fim de se poder cálcular outras informaçõe que são essenciais para o desenvolvimento do voo. Para cada informação usar as formulas acima.

Essa parte da folha de planejamento é essencial para que se possa dar continuidade aos cálculos da navegação no que se refere a descida. Pois aqui encontraremos dados como velocidade aerodinâmica de descida, razão de descida que são essenciais para finalizar o planejamento do voo. Portanto, aconselha-se a fazer esses cálculos antes de fazer a última linha do planejamento da navegação.

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