POSIÇÃO NA SUPERFÍCIE TERRESTRE
O primeiro passo de um piloto ao efetuar uma navegação é localizar numa carta aeronáutica a posição dos aeródromos de decolagem, destino e alternativa, bem como verificar posições ao longo da rota em que terá referências quando em voo. Na carta aeronáutica aparecerão os paralelos e meridianos numerados com as latitudes e longitudes, mas estas não virão acompanhadas da letra designativa do hemisfério. A primeira preocupação seria então verificar quais são os hemisférios ali representados. Para isso, uma observação importante: “toda parte superior de uma carta aeronáutica está voltada para o Polo Norte Geográfico ou Verdadeiro”. Assim sendo, ficará fácil determinar os hemisférios observando-se o sentido de crescimento das latitudes e longitudes.
Agora a preocupação será em achar as coordenadas geográficas de um ponto qualquer na carta. O procedimento é dado no exemplo da figura abaixo.
Exemplo: achar as coordenadas geográficas do ponto “A”, indicado pela seta, na figura abaixo.

Latitude: trace, a partir do ponto “A”, uma linha paralela ao paralelo mais próximo até encontrar com um meridiano.
Leia, na escala de latitudes (sobre o meridiano), os graus e minutos correspondentes. No exemplo = 20º40’S.
Longitude: trace, a partir do ponto “A”, uma linha paralela ao meridiano mais próximo até encontrar com um paralelo.
Leia, na escala de longitudes (sobre um paralelo) os graus e minutos correspondentes. No exemplo = 053º20’W.
Importante: Note que os minutos são contados partindo da menor latitude ou longitude para a maior, acompanhando o crescimento dos graus de latitude ou longitude. Em virtude de se medir a latitude na escala impressa sobre um meridiano, esta é chamada de “Escala de Latitudes”, e como medimos a longitude sobre a escala do paralelo, esta é chamada de “Escala de Longitudes”.
Para se plotar um ponto, conhecida suas coordenadas geográficas, o procedimento é inverso. Ache sobre um meridiano a latitude e trace uma linha paralela ao paralelo mais próximo.
Ache sobre o paralelo a longitude e trace uma linha paralela ao meridiano mais próximo. O cruzamento das duas linhas determina um ponto chamado de “Ponto Geográfico”.
DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS
A unidade de distância mais utilizada em navegação aérea é a Milha Náutica, sigla NM (nautical Mile) ou, raramente, chamada MIMA (Milha Marítima). Esta unidade não faz parte do Sistema Métrico do Brasil, havendo então necessidade de relacioná-la com o quilômetro (Km) ou metro (m), unidades estas bem conhecidas, para podermos comparar. 1 NM = 1852 metros ou 1,852 Km.
Outra unidade de distância (mais conhecida na América do Norte) é a Milha Terrestre, sigla ST (Statute Mile). 1 ST = 1609 metros ou 1,609 Km.
Obs:. Por que a Milha Náutica é largamente utilizada em navegação?
O comprimento de um círculo máximo da Terra (Equador ou sobre meridianos) foi dividido em 21.600 partes iguais. A uma destas partes foi estabelecido o valor 1NM.
Sendo assim, a distância para efetuar uma volta em torno da Terra sobre um círculo máximo será de 21.600 NM. Nesta volta, o arco em graus vale 360 e, se quisermos em minutos, acharemos o valor de 21.600. Daí podemos concluir que: 1 NM = 1′ de arco de um círculo máximo. Como em todas as cartas aeronáuticas sempre teremos círculos máximos representados (meridianos ou Equador), podemos utilizá-los como escala para obter distância entre dois pontos.
O procedimento a seguir é o utilizado na maioria das vezes, quando a distância entre os dois pontos não for maior que 350 Milhas Náuticas (650 Km), em qualquer tipo de carta.
Inicialmente, ligue dois pontos entre os quais se quer medir a distância com uma linha reta. Com uma régua ou compasso, transporte a medida obtida entre dois pontos para o meridiano mais próximo (círculo máximo). Conte os minutos que correspondem a esta medida sobre a escala de latitudes, ou seja, nos meridianos. Como a cada minuto de arco corresponde a uma 1 NM, a quantidade de minutos lida fornece a distância em Milhas Náuticas. A figura abaixo ilustra o procedimento descrito.

Devemos observar que, com uma folha de papel, poderíamos medir a distância entre os pontos, sem necessidade da régua ou compasso. Caso queira comprovar, experimente utilizando uma folha qualquer.
DIREÇÃO NA SUPERFÍCIE TERRESTRE
Para navegarmos, precisamos constantemente saber qual a orientação (direção) a seguir a partir de determinado ponto para chegarmos a outro. A direção sempre poderá ser expressa por um valor angular. Numa carta, onde teremos a trajetória (rota) definida por uma linha que une dois pontos, podemos também utilizar este processo.
Inicialmente, vamos estabelecer que toda direção Norte Verdadeiro (NV), que seria a própria direção do meridiano, é a direção de referência.
Sendo assim, qualquer direção formará com a direção da referência um valor angular que será medido no sentido horário.
Com um transferidor graduado em 360º utilizamos os meridianos ou paralelos interceptados pela trajetória como referência para ajuste do transferidor.
Antigamente as direções eram informadas por intermédio de nomes da rosa-dos-ventos; esta prática foi abandonada em virtude de confusão causada em fonia. Por exemplo, a direção Nordeste (045º) poderia se confundir com Noroeste (315º) e assim por diante.

Na imagem ao lado pode-se observar uma linha que liga o ponto A ao ponto B, essa linha nada mais é do que a rota a ser voada. Para sabermos qual direção tomar basta, ajustar um transferidor, sobre o ponto de origem e efetuar a leitura no sentido horário. Observar que a leitura efetuada para uma navegação no sentido ponto A para ponto B é de 60°. Caso o ponto de origem fosse o ponto B, o sentido seria ponto B para ponto A e a direção lida num transferidor, ajustado agora sobre o ponto B seria de 240°. O nome direção também poderá ser chamado de rumo conforme será apresentado em outros capítulos.
Orientação
É a maneira pela qual o piloto, em um lugar e com base em uma referência, poderá determinar o sentido de onde veio e para onde estará indo.
Entre vários meios de orientação, o mais antigo é aquele em que se toma o sol como referência, porque esse sempre surge do mesmo lado, o lado leste.

A orientação consiste em uma pessoa estender os braços, de modo que ao direito aponte para o lado de onde nasce o sol. Dessa forma, a frente terá o norte, a direita o leste, as costas o sul e a esquerda o oeste.
Considerando que esses pontos já são convencionados como pontos cardeais, a interseção das linhas N-S e E-W de origem a quatro pares de ângulos iguais, denominados quadrantes. Conforme mostrado na imagem ao lado:
Dessa forma a subdivisão dos quadrantes em partes iguais originou os pontos colaterais e os pontos subcolaterais.
Pontos colaterais
- NE: nordeste
- NO ou NW: noroeste
- SE: sudeste
- SO ou SW: sudoeste
Pontos subcolaterais
- ENE: lés-nordeste
- ESE: lés-sudeste
- SSE: sul-sudeste
- NNE: nor-nordeste
- NNO/NNW: nor-noroeste
- SSO/SSW: sul-sudoeste
- OSO/WSW: oés-sudoeste
- ONO/WNW: oés-noroeste
Obs: Lembre-se que, além desses pontos colaterais e subcolaterais existem os pontos cardeais. Já mencionados anteriormente, que são: Norte, Sul, Leste e Oeste.
Rosa dos ventos
É o plano de uma circunferência dividida em 360 partes iguais, cujo centro é o ponto de referência e o contorno é ponto de leitura do valor da direção.
Na rosa dos ventos podemos ver os pontos cardeais, colaterais e subcolaterais.
