Resumo teoria de voo de baixa velocidade

Este resumo foi elaborado para auxiliar na revisão dos conceitos-chave da teoria de voo, abordados durante o curso. É uma ferramenta útil para relembrar e consolidar os tópicos estudados, proporcionando uma visão geral rápida e prática.

Atenção: Este resumo não deve ser utilizado como substituto para o material de estudo completo. Ele é destinado apenas a reforçar o conhecimento adquirido e facilitar a revisão. Para uma compreensão profunda e abrangente dos temas, é essencial consultar os textos completos, participar das aulas e realizar os exercícios propostos.

Física

Aerodinâmica – é a ciência que estuda o ar e sua interação com os corpos.

Teoria de voo – é a aplicação da aerodinâmica no projeto e na operação das aeronaves.

Peso – É a força resultante da gravidade – O PESO É VARIÁVEL.

Massa – É a quantidade de matéria contida num corpo. A MASSA É INVARIÁVEL.

Força – É tudo aquilo capaz de produzir ou modificar o movimento de um corpo.

Densidade – É a massa por unidade de volume.

Trabalho – É o produto da força pelo deslocamento.

Velocidade – É a distância percorrida por unidade de tempo.

Aceleração – É a variação de velocidade por unidade de tempo.

Potência – É o trabalho produzido por unidade de tempo.

Pressão – É a força por unidade de área.

Momento ou Torque – É tudo aquilo capaz de produzir rotação.

Vetor – É uma grandeza matemática que possui intensidade, direção e sentido. (Composição de vetores / decomposição de vetores)

Comprimentos e distâncias – é o espaço contido entre dois pontos.

Energia – É tudo aquilo capaz de produzir trabalho. Existem diversos tipos de energia.

Fluido – É todo corpo que NÃO possui forma. (Líquidos e gases)

Inércia – Todo corpo tende a permanecer em repouso ou em movimento uniforme, a menos que uma força atue sobre ele. (primeira lei de newton)

A força é diretamente proporcional ao produto da massa pela aceleração. F=M.A (segunda lei de newton)

Ação e Reação – É a 3ª Lei de Newton. Para toda ação existe uma reação de mesma intensidade, porem sentidos contrários. 

Vento relativo – é o movimento do ar em relação a um corpo. (Terá sempre mesma direção e sentido contrário ao movimento do corpo)

Vento absoluto – é o movimento do ar em relação à terra.

Temperatura – é o grau de agitação das moléculas de um corpo.

Escoamento – é o movimento de um fluido. Pode ser laminar ou turbulento.

Equação da continuidade – quanto mais estreito for o tubo de escoamento, maior será a velocidade do fluido e vice-versa.

Efeito coanda – É a tendência que o fluxo de um fluido tem de aderir à superfície convexa ao longo da qual ele está fluindo.

Teorema de Bernoulli – um aumento na velocidade de um fluido em escoamento causa uma redução na pressão estática e um aumento na pressão dinâmica.

Tubo de venturi – é um instrumento que prova o teorema de Bernoulli.

Condições ideais para pouso e decolagem

Todas as condições que aumentam a densidade.

• Pressão alta
• Temperatura baixa
• Umidade baixa

Atmosfera padrão

Pressão: 1013 hPa, 2992 Pol ou 760 mm de mercúrio.
Densidade: 1,225 kg/m³
Temperatura: 15°C

Pressão estatica, dinâmica e total

Pressão estática – É aquela que não depende do movimento de um fluido, tal como a pressão exercida pela atmosfera ou a pressão dentro de um pneu.
Pressão dinâmica – É uma pressão gerada pelo movimento, portanto depende da velocidade, tal como o impacto do ar sobre uma aeronave.
Pressão total – Nada mais é do que a soma da pressão dinâmica com a pressão estática.

Geometria dos aviões

Superfícies Aerodinâmicas – São aquelas que produzem pequena resistência ao avanço, MAS NÃO PRODUZEM NENHUMA FORÇA ÚTIL AO VOO;
Exemplos: Spinner; Carenagem de Roda;

Aerofólios – São aquelas que PRODUZEM FORÇAS ÚTEIS AO VOO.
Exemplos: Hélice; Asa; Estabilizador;

Elementos de uma asa

Corda (distância entre o bordo de fuga e o bordo de ataque);
Envergadura (distância entre as 02 pontas de asas);
Raiz da Asa parte em contato com a fuselagem 
Ponta da Asa parte mais afastada da fuselagem
Bordo de Fuga parte de trás da asa
Bordo de Ataque parte da frente da asa

Perfil – É o formato em corte do aerofólio. Pode ser de 02 tipos:

  • Simétrico – Pode ser dividido por uma linha RETA em 02 metades iguais. 
  • Assimétrico – NÃO pode ser dividido em 02 partes iguais.

ALONGAMENTO – É a razão entre a ENVERGADURA e a CMG (Corda Média Geométrica).

Elementos do Perfil

Bordo de Ataque parte da frente do perfil 
Bordo de Fuga parte de trás do perfil 
Extradorso parte de cima do perfil
Intradorso parte de baixo do perfil 
Corda linha que liga o bordo de ataque ao bordo de fuga.
Linha de Curvatura Média (CMG) – É a linha equidistante do extradorso e do intradorso;

Forças aerodinâmicas

O perfil das asas de um avião divide o ar proveniente do vento relativo em duas fatias com velocidades distintas. Esse ar fica preso a asa devido ao efeito coanda. O ar se desloca com maior velocidade no extradorso do que no intradorso das asas, devido à sua curvatura mais acentuada no extradorso.

Um aumento de velocidade corresponde a uma redução na pressão estática conforme o teorema estudado anteriormente. Gera-se então no extradorso uma região de vácuo, e como o intradorso possui uma pressão maior do que no extradorso gera-se uma força que empurra a asa para cima e para trás. Essa força é a resultante aerodinâmica que é aplicada num ponto do aerofólio denominado Centro De Pressão (CP). 

Se aumentarmos o ângulo de ataque, a RA aumentará e o CP poderá deslocar ou permanecer imóvel. Isso dependerá do tipo de perfil. Observe abaixo.

No perfil assimétrico – o CP se deslocará para frente.
No perfil simétrico – o CP não se deslocará.

Sustentação – É a componente da resultante aerodinâmica perpendicular à direção do vento relativo. É a componente que sustenta o peso do avião.
Arrasto – É a componente da resultante paralela à direção do vento relativo; é a componente prejudicial para o voo e deve ser reduzida ao mínimo possível.

Com ângulo de ataque positivo a sustentação é sempre positiva, independente do perfil.

Com ângulo de ataque nulo a sustentação pode ser nula ou positiva, a depender do perfil.

Para que a sustentação seja nula devemos ter no perfil assimétrico um ângulo ligeiramente negativo e no perfil simétrico ângulo nulo.

Quando o ângulo de ataque é menor que o ângulo de sustentação nula, a sustentação do aerofólio torna-se negativa qualquer que seja o perfil. Essa condição é usada no voo de dorso.

Coeficiente de sustentação – É um número que indica a capacidade de um aerofólio produzir sustentação. 

Arrasto induzido – Arrasto gerado na ponta das asas.

Arrasto parasita – É o arrasto resultante de uma sustentação nula.

Dispositivos hipersustentadores 

Servem para AUMENTAR o Coeficiente de Sustentação [CL].

Flap – Serve para aumentar a curvatura de um perfil, aumentando dessa forma a sustentação. 

Funcionam também como “Freios Aerodinâmicos” pois aumentam o arrasto do aerofólio.

O Flap tipo FOWLER é o que proporciona maior sustentação, mas não é muito utilizado em pequenas aeronaves devido ao alto custo. ELE SE DESLOCA PARA TRÁS E PARA BAIXO.

SLOT – Também conhecido como fenda ou ranhura.

Ele AUMENTA o ângulo crítico da asa (com isso pode ter ângulos de ataque mais elevados – produz mais sustentação). 

O SLOT consiste numa fenda que suaviza o escoamento no extradorso da asa, evitando o turbilhonamento.

O SLOT É FIXO.

SLAT – São móveis. Estes ficam recolhidos durante o voo, só entrando em funcionamento quando necessário.

O Slat fica estendido por ação de molas.

Tanto os Slots quanto os Slats têm uma desvantagem: obrigam o avião a erguer demasiadamente o nariz, prejudicando assim a visibilidade do piloto.

Ângulos

Ângulo de Planeio – É o Ângulo formado entre a trajetória do voo e a linha do horizonte num voo sem motor;
Ângulo de Ataque – É o Ângulo formado entre a corda de um perfil e o vento relativo;
Ângulo de Atitude – É o Ângulo formado entre o eixo longitudinal e a linha do horizonte;
Ângulo de Incidência – É o Ângulo formado entre o eixo longitudinal da AERONAVE e a corda da asa;
Ângulo de Inclinação Lateral – É o Ângulo formado entre a linha do horizonte e o plano das asas;
Ângulo de Subida – É o Ângulo formado entre a trajetória ascendente da AERONAVE e a linha do horizonte;
Ângulo de Diedro – É o Ângulo formado por uma linha que passa pelo intradorso da asa e o eixo lateral;
Ângulo de Enflechamento – É o Ângulo formado entre o eixo lateral e o bordo de ataque das asas;
Ângulo de Estol, Ângulo Crítico ou Ângulo de Perda – Quando temos o valor máximo de sustentação; 

Comandos de voo

São 03 os eixos imaginários:

• Eixo Longitudinal;
• Eixo Transversal / Lateral;
• Eixo Vertical;

Os 03 eixos PASSAM pelo CG (Centro de Gravidade);

Movimento em torno do EIXO TRANSVERSAL ⇒ Arfagem/Tangagem (movimento de levantar / baixar o nariz – Cabrar /Picar).
Movimento em torno do EIXO LONGITUDINAL ⇒ Rolagem / Rolamento / Bancagem ou Inclinação Lateral (baixar / levantar as asas).
Movimento em torno do EIXO VERTICAL ⇒ Guinada (virar para esquerda / direita).

Os movimentos de um avião são controlados através de SUPERFÍCIES DE COMANDO.

São elas:  

Profundor ⇒ Comanda os movimentos de Arfagem; 
Ailerons ⇒ Comanda os movimentos de Rolagem;  
Leme de Direção ⇒ Movimentos de Guinada; 

As SUPERFÍCIES DE COMANDO são comandadas pelo:

• Manche ⇒ produz rolamento e tangagem;
• Pedal ⇒ produz guinada;

Os aviões possuem compensadores, que são pequenas superfícies de comando colocadas nos BORDOS DE FUGA DAS SUPERFÍCIES DE CONTROLE com as seguintes finalidades: tirar tendência, compensar o avião em diferentes situações de voo e reduzir a força necessária para movimentar os comandos.

GUINADA ADVERSA

É uma guinada no sentido contrário ao rolamento da aeronave.

Para se evitar a Guinada Adversa devemos:

• Aplicar leme de direção no sentido contrário ao da guinada adversa;
• Equipar o avião com ailerons diferenciais;
• Equipar o avião com ailerons “tipo Frise”;

Grupo motopropulsores

Definições de Potência:

Potência Efetiva: É a potência medida no eixo da hélice;
Potência Nominal: É a potência efetiva máxima para qual o motor foi projetado;
Potência Útil: É a potência de tração desenvolvida pela hélice sobre a aeronave;

Hélice – A hélice é um aerofólio rotativo. Podem ser de metal ou madeira;

Passo – A hélice possui pás torcidas, logo, deveria funcionar como um parafuso, avançando uma determinada distância a cada rotação completa. Essa distância chama-se PASSO TEÓRICO. Entretanto, como o ar é fluido, a distância que a hélice avança é menor e recebe o nome de PASSO EFETIVO. A diferença entre o passo teórico e o passo efetivo (ou distância que a hélice deixou de percorrer) chama-se RECUO. 

Hélice de Passo Fixo ⇒ Só funciona bem na RPM determinada em sua fabricação;
Hélice de Passo Ajustável ⇒ Só funciona bem na RPM para qual foi ajustada (seu passo só pode ser ajustado no solo);
Hélice de Passo Controlável ⇒ Funciona bem em qualquer condição de voo (seu passo pode ser modificado mesmo durante o voo);

Hélices de RPM Constante ou de Velocidade Constante são aquelas controladas por contrapesos ou governador.

Voo horizontal 

No voo horizontal com velocidade constante, a sustentação é igual ao peso e a tração é igual ao arrasto. Para manter o voo horizontal durante variações de velocidade, é necessário ajustar o ângulo de ataque: aumentar a velocidade requer a diminuição do ângulo de ataque, enquanto diminuir a velocidade exige o aumento do ângulo de ataque. A velocidade mínima na qual a sustentação ainda é mantida é chamada de velocidade de estol. O velocímetro pode ser usado como um indicador de estol, mostrando faixas de operação para diferentes configurações de flaps.

A potência necessária é a potência exigida para manter o voo horizontal, enquanto a potência disponível é a potência máxima que o motor pode fornecer. Em velocidades abaixo de um determinado ponto, a potência necessária aumenta devido ao aumento do arrasto. Esse conceito é treinado na manobra de “voo reduzido” para pilotos, onde o objetivo é voar na mínima velocidade possível sem perder altitude.

Velocidades no Voo Horizontal

  • Velocidade Máxima: Maior velocidade possível em voo horizontal.
  • Velocidade de Máximo Alcance: Permite voar a maior distância com uma quantidade de combustível.
  • Velocidade de Máxima Autonomia: Permite voar o máximo tempo com uma quantidade de combustível.
  • Velocidade Mínima: Menor velocidade para voar com velocidade constante.
  • Velocidade de Estol: Menor velocidade possível em voo horizontal.

A velocidade de voo horizontal pode variar com mudanças no peso, altitude, área da asa, entre outros fatores. A “gangorra” é uma técnica usada para entender a relação entre esses fatores e a velocidade de estol.

A densidade do ar diminui com a altitude, o que pode parecer reduzir o arrasto, mas também diminui a sustentação, necessitando de mais potência para manter o voo horizontal.

Caracteristicas do Arrasto no voo horizontal:

Não depende da altitude;
Não varia em voo horizontal;

Voo planado 

O voo planado é o voo em que a aeronave se desloca para frente e perde altitude sem a ajuda do motor. É importante para situações de emergência, onde o piloto precisa pousar em segurança sem a tração do motor.

Forças no Voo Planado

As principais forças incluem:

  • Peso: Componente que impulsiona a aeronave para frente e se opõe à sustentação.
  • Sustentação: Menor do que o peso, causando a perda de altitude.
  • Arrasto: Resiste ao movimento da aeronave.

Principais Conceitos

  1. Ângulo de Planeio: Inclinação da trajetória de voo em relação ao solo.
  2. Razão de Planeio: Relação entre a distância horizontal percorrida e a perda de altitude.
  3. Velocidade de Melhor Planeio: Velocidade ideal para a maior distância em voo planado.
  4. Velocidade Final: Velocidade máxima atingida durante uma descida abrupta.

Razão de Descida

Representa a velocidade de perda de altitude ao longo do tempo, medida em pés por minuto (ft/min), utilizando o variômetro ou climb.

Fatores que Afetam o Voo Planado

  1. Peso da Aeronave: Aumenta a velocidade de planeio, mas não altera a razão de descida.
  2. Resistência Aerodinâmica: Menor resistência resulta em melhor desempenho de planeio.
  3. Condições Meteorológicas: Vento de cauda aumenta o alcance; vento de frente reduz o alcance.
  4. Altitude: Em altitudes elevadas, a velocidade de planeio e a razão de descida aumentam, mas o alcance e ângulo de planeio não são afetados.

Planejamento em Situações de Emergência

Em caso de falha do motor, o piloto deve avaliar as condições, escolher um local seguro para pouso, e calcular se a altitude é suficiente para alcançar o ponto de pouso. Mantendo a velocidade e o ângulo de planeio adequados, o pouso pode ser realizado de maneira segura.

Voo de subida 

Durante o voo ascendente, a sustentação é menor que o peso do avião, pois a tração da hélice inclinada para cima suporta parte do peso. A tração necessária para subir é maior do que para um voo horizontal, devido à componente do peso contrária ao voo. O avião possui duas componentes de velocidade: velocidade horizontal (Vh) e razão de subida (R/S).

Velocidades Importantes no Voo Ascendente

  • Velocidade de Máxima Razão de Subida: Velocidade que permite ganhar altitude mais rapidamente.
  • Velocidade de Máximo Ângulo de Subida: Velocidade que permite subir com o maior ângulo possível, útil para evitar obstáculos.

Após a decolagem, deve-se subir com o máximo ângulo de subida para evitar obstáculos e depois usar a velocidade de máxima razão de subida para uma melhor performance.

Teto Absoluto e Teto Prático

  • Teto Absoluto: Altura máxima teórica onde a aeronave não pode mais subir devido à falta de potência do motor para superar a resistência do ar. A razão de subida é zero.
  • Teto Prático: Altitude máxima que a aeronave pode atingir com uma razão de subida significativa, ainda que muito baixa. A razão de subida é positiva, mas muito reduzida.

Fatores que Influenciam o Teto Prático

  • Condições Atmosféricas: Temperatura, pressão e umidade afetam a densidade do ar e a performance da aeronave.
  • Potência Disponível: O motor perde potência com a altitude devido à menor densidade do ar.
  • Aeronave e Peso: Maior carga ou combustível reduz o desempenho em altas altitudes.

O teto prático e o teto absoluto são altitudes densidade e devem ser calculados, não lidos no altímetro.

Voo em curva 

No voo em curva, o avião muda sua direção inclinando as asas, alterando o ângulo de inclinação. As forças aerodinâmicas que atuam no voo em curva incluem:

  • Sustentação: Dividida em duas componentes quando o avião inclina: uma vertical (Fw) que contrabalança a gravidade, e uma horizontal (Fc) que gera a força centrípeta necessária para a curva.
  • Peso: Atua sempre para baixo, em direção ao centro da Terra.
  • Força Centrípeta (Fc): Gerada pela componente horizontal da sustentação, permitindo a mudança de trajetória.
  • Arrasto e Empuxo: Arrasto aumenta durante a curva, exigindo mais empuxo para manter a velocidade.

Ângulo de Inclinação

O ângulo de inclinação das asas determina o raio da curva. Maior inclinação resulta em menor raio de curva, maior velocidade e tração necessárias, devido ao aumento do arrasto. A sustentação deve ser maior que o peso do avião para realizar a curva.

Raio Limite

O menor raio possível em que a potência aplicada é a máxima é chamado de raio limite. A altitude afeta o raio limite: ao nível do mar, o ar é mais denso, permitindo curvas mais fechadas; em altitudes maiores, a densidade do ar diminui, reduzindo a potência do motor e a capacidade de realizar curvas fechadas.

Sustentação em Curva

Quanto maior a inclinação das asas, maior a sustentação necessária devido ao aumento da força centrípeta. Em uma curva de 60°, por exemplo, a sustentação deve ser o dobro do peso do avião. Curvas com inclinação de 90° são impossíveis devido à necessidade de uma sustentação infinitamente grande, embora algumas aeronaves com excesso de potência possam realizar curvas nesse ângulo.

Derrapagem e Glissagem em Curvas

Para executar uma curva corretamente, é necessário realizar uma curva coordenada, onde a aeronave utiliza a quantidade adequada de leme para evitar erros de curva, como a derrapagem ou a glissagem.

  • Curva Coordenada: Executada corretamente a uma altura constante, com ailerons, leme e profundor dosados nas proporções exatas.
  • Curva Derrapada: Ocorre com falta de leme, resultando em movimento excessivo para o lado da curva, com o nariz apontando para dentro.
  • Curva Glissada: Ocorre com excesso de leme, resultando em movimento para o lado contrário à curva, com o nariz apontando para fora.

Comandando um Voo em Curva

  1. Inclinação das Asas: Use o manche para inclinar o avião.
  2. Aplicar Leme: Coordene a curva para evitar derrapagens ou glissagens.
  3. Manter Altitude: Aumente o ângulo de ataque para evitar perda de altitude.
  4. Ajustar Potência: Aumente o empuxo para manter a velocidade desejada.

Estol em Curva

A velocidade de estol é maior em curvas devido ao aumento do fator de carga. Quanto maior o ângulo de inclinação, maior a velocidade de estol. Pilotos devem monitorar a velocidade para evitar estol, especialmente em altitudes baixas. O estol ocorre quando o ângulo de ataque crítico é ultrapassado.

Guinada Adversa

Guinada adversa ocorre durante a rotação em torno do eixo longitudinal, causada pela diferença de sustentação e arrasto entre as asas durante uma curva. A asa externa, com maior sustentação e arrasto, move-se mais lentamente, fazendo o nariz guinar na direção oposta à curva comandada. Para compensar, pilotos utilizam o leme para alinhar a aeronave com a trajetória desejada. Ailerons diferenciais ou do tipo frise podem ser usados para corrigir o arrasto adicional.

Cargas dinâmicas 

As cargas dinâmicas são esforços que variam em intensidade e direção, conforme as condições de voo, como manobras, turbulência e rajadas de vento. Essas forças podem ser horizontais ou verticais, sendo as verticais mais significativas para a estrutura da aeronave.

Fator de Carga

O fator de carga (n) é a relação entre a sustentação e o peso da aeronave, expresso como múltiplo da gravidade (g). Em voo reto e nivelado, o fator de carga é 1g. Em manobras, como curvas ou loops, pode aumentar significativamente.

  • Em Voo Nivelado: Fator de carga = 1.
  • Cabrando: Fator de carga > 1.
  • Picando: Fator de carga < 1, nulo ou negativo.

Impactos do Fator de Carga

  • Manobras e Manobrabilidade: Curvas mais acentuadas geram maiores fatores de carga.
  • Limites Estruturais: Cada aeronave tem um limite operacional de fator de carga.
  • Condições de Turbulência: Turbulências podem variar rapidamente o fator de carga.
  • Desempenho: Altos fatores de carga aumentam a necessidade de sustentação, resultando em maior arrasto.

Fatores de Carga em Rajadas de Vento

Em voo horizontal com rajadas verticais, o ângulo de ataque aumenta, aumentando a sustentação e o fator de carga. Reduzir moderadamente a velocidade pode aliviar esse efeito.

Fatores de Carga nas Recuperações

Após um mergulho, a sustentação aumenta devido à velocidade, somada à força centrípeta vertical, causando altos fatores de carga.

Como Pilotos e Engenheiros Lidam com Cargas Dinâmicas

  • Planejamento e Projeto: Estruturas resistentes são projetadas para suportar fatores de carga maiores.
  • Treinamento e Monitoramento: Pilotos são treinados para antecipar e ajustar ações.
  • Uso de Instrumentos: Sistemas monitoram o fator de carga e alertam o piloto.

Estol de Velocidade

Se o ângulo de ataque crítico for ultrapassado, ocorre o estol de velocidade. Para recuperar, deve-se baixar o nariz e cabrar novamente com cuidado.

Decolagem e pouso 

Decolagem

A decolagem é a operação em que o avião levanta voo. Para decolar no menor espaço possível, a potência do motor deve ser máxima. A aeronave deve ser mantida no solo até atingir cerca de 120% a 130% da velocidade de estol antes de cabrar para levantar voo. Deve-se decolar sempre com vento de proa para diminuir a distância de decolagem e aumentar o ângulo de subida.

Tipos de Decolagem

  • Normal: Usada em condições padrão, sem vento significativo.
  • Curta: Utilizada em pistas de comprimento reduzido, com aplicação total de potência.
  • Áreas Confinadas: Necessita de flapes para maximizar sustentação e evitar obstáculos.

Etapas da Decolagem

  • Corrida de Decolagem: A aeronave acelera até atingir a velocidade de rotação (Vr).
  • Rotação: O nariz é elevado e a aeronave deixa o solo.
  • Subida Inicial: O piloto mantém o ângulo de subida adequado para ganhar altitude.

Pouso

O pouso é a operação em que o avião retorna ao solo, envolvendo a redução de energia e a transição segura da aeronave. Existem duas técnicas principais: pouso em três pontos (trem de pouso convencional) e pouso de pista (tocando a pista com as rodas do trem principal primeiro).

Tipos de Pouso

  • Normal: Realizado em condições padrão, com redução de potência e uso de flapes.
  • Curto: Realizado em pistas curtas, com ângulos de ataque maiores e frenagem máxima.
  • Com Vento de Través: Exige compensação para corrigir o efeito do vento lateral.

Etapas do Pouso

  • Aproximação: Trajetória estabilizada em direção à pista.
  • Arredondamento (flare): Redução da razão de descida ao nível do solo.
  • Toque no Solo: As rodas principais tocam primeiro.
  • Corrida de Pouso: Utilização de freios e reversores de empuxo para desacelerar.

Arremetida

A arremetida é uma manobra realizada quando o piloto decide ou é obrigado a interromper o pouso e retornar ao voo. Razões para arremetida incluem:

Instrução do Controle de Tráfego Aéreo (ATC).
Aproximação instável.
Obstrução na pista.
Mudanças repentinas no vento.
Problemas operacionais.

Estabilidade

Para entender a estabilidade das aeronaves, primeiro precisamos conhecer os tipos de equilíbrios:

  • Equilíbrio Estável: Tendência de permanecer em equilíbrio.
  • Equilíbrio Instável: Tendência de se afastar do equilíbrio.
  • Equilíbrio Indiferente/Neutro: Ausência de tendências.

Tipos de Estabilidade

Existem três tipos de estabilidades na teoria de voo, baseadas nos eixos da aeronave:

  1. Estabilidade Longitudinal: Em torno do eixo lateral.
  2. Estabilidade Lateral: Em torno do eixo longitudinal.
  3. Estabilidade Direcional: Em torno do eixo vertical.

Comportamento Dinâmico

Além da estabilidade estática, o comportamento dinâmico após afastamento do equilíbrio pode ser:

  • Dinamicamente Estável: Retorna ao equilíbrio com poucas ou nenhuma oscilação.
  • Dinamicamente Instável: Oscilações crescentes.
  • Dinamicamente Indiferente: Oscila permanentemente.

Um avião deve ser estaticamente e dinamicamente estável para ser controlável. No entanto, aviões de acrobacias e caças podem sacrificar parte da estabilidade para maior manobrabilidade. Aviões de passageiros têm alta estabilidade para oferecer conforto.

Estabilidade Longitudinal

Em torno do eixo lateral, estabilizada pelo estabilizador. Um avião com cauda leve é estaticamente estável, pois o CG está à frente do ponto neutro. Se o CG estiver atrás do ponto neutro, o avião é estaticamente instável.

Estabilidade Lateral

A estabilidade lateral refere-se à estabilidade em torno do eixo longitudinal da aeronave.

Fatores que Influenciam a Estabilidade Lateral:

  1. Diedro: diedro positivo maior estabilidade. Diedro negativo menor estabilidade.
  2. Enflexamento: enflexamento positivo maior estabilidade. Enflexamento negativo menor estabilidade.
  3. Efeito de Quilha: Estável – Quando a área lateral acima do CG é maior do que a área lateral abaixo do CG, estável. Quando a área lateral acima do CG é menor do que a área lateral abaixo do CG, instável..
  4. Efeito de Fuselagem: Em aviões de asa baixa a fuselagem bloqueia o fluxo do vento lateral, criando áreas de alta e baixa pressão sobre a asa, que diminuem o efeito do diedro. Em aviões de asas alta, pelo contrário, aumenta o efeito do diedro.
  5. Distribuição de Pesos: Aviões de asa alta tendem a ser mais estáveis devido ao efeito de fuselagem e efeito de quilha.

A estabilidade lateral excessiva pode tornar o avião menos responsivo aos comandos dos ailerons, necessitando de ajustes como o uso de diedro negativo em alguns aviões.

Estabilidade Direcional

A estabilidade direcional refere-se à estabilidade em torno do eixo vertical da aeronave.

Embora a estabilidade direcional seja menos importante que a estabilidade longitudinal, ela ainda é significativa. Existem dois principais fatores responsáveis pela estabilidade direcional:

  1. Enflexamento: Quando um avião com asa enflexada sofre um desvio lateral, uma das asas recebe mais vento relativo, gerando mais arrasto e criando uma guinada que pode corrigir ou não a derrapagem.
  2. Efeito de Quilha: Provocado pela ação do vento relativo nas áreas laterais do avião. Quanto maior a área lateral atrás do CG, maior a estabilidade direcional.
  3. Diedro: Embora o diedro seja usado para estabilidade lateral, ele também afeta a estabilidade direcional devido ao arrasto maior gerado por maior sustentação em uma asa.
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