Com a corrida espacial, um dos pontos marcantes da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, o céu parou literalmente de ser o limite, ao menos para voos controlados. Em 1957, o soviético Sputnik 1 tornou-se o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra, e em 1961, Yuri Gagarin tornou-se a primeira pessoa a viajar no espaço. Ele orbitou uma vez a Terra, e ficou no espaço por cerca de 108 minutos. Os Estados Unidos responderam com o lançamento de Alan Shepard ao espaço. A corrida espacial levou ao clímax da aviação, a primeira missão espacial à Lua, as missões Apollo. Em 1969, como comandante da missão Apollo 11, Neil Armstrong tornou-se a primeira pessoa a pisar na Lua.


Em 1994, o Boeing 777 fez seu primeiro voo. Foi o primeiro avião a ser totalmente desenhado e planejado com computadores. É atualmente o maior avião bijato do mundo. O Boeing 777 e o quadrijato Airbus A340 são atualmente os aviões de maior alcance operacional do mundo, podendo percorrer mais de 16 mil quilômetros em um único voo.

Desde a década de 1970, aviões da aviação comercial e aeroportos passaram a ser um dos alvos preferidos de ataques terroristas. O pior destes ataques ocorreu em 2001, quando quatro aviões 767, duas da American Airlines e duas da United Airlines, foram utilizados nos Ataques de 11 de Setembro. Como uma consequência direta dos Ataques de 11 de Setembro, o número de pessoas viajando em aviões diminuiu bastante na maioria das linhas aéreas. Muitas delas enfrentaram grandes dificuldades financeiras nos anos que se seguiram. Os efeitos do ataque, apesar de minimizados, ainda persistem em várias linhas aéreas. O resultado da ameaça do terrorismo é a crescente tomada de medidas de segurança em aeroportos em geral.

Desde o início do século XXI, a aviação subsônica tem-se focalizado em tentar substituir o piloto por aeronaves controladas a distância ou mesmo por computadores. Em abril de 2001, um Global Hawk, um avião não-tripulado, voou de Edwards AFB nos Estados Unidos até a Austrália, sem escalas e sem reabastecimento. O voo tomou 23 horas e 23 minutos, e é o voo ponto-a-ponto mais longo já realizada por um veículo aéreo não tripulado. Em outubro de 2003, o primeiro voo totalmente autônomo sobre o Oceano Atlântico por uma aeronave controlada por computadores foi realizado.

Um dos Concordes da Air France (F-BTSC) sofreu um acidente em 25 de julho de 2000, onde um pneu estourou e seus restos foram aspirados pela turbina (o que causou um incêndio), fazendo o avião cair e chocar-se com um hotel, logo após sua decolagem em Gonesse, França. Até então o avião era considerado o avião comercial mais seguro do mundo. Passou por um processo de modernização até 2001, mas por causa de baixo número de passageiros e altos custos operacionais, parou de ser usado em voos comerciais em 24 de outubro de 2003. Atualmente, nenhum avião supersônico opera em voos comerciais.

O primeiro voo de um motoplanador em volta do mundo ocorreu em 2001. Foi realizado num AMT-100 Ximango de fabricação brasileira, pilotado pelo suíço-brasileiro Gérard Moss.

Em 2005, o Airbus A380 fez seu primeiro voo. É atualmente o maior avião comercial de passageiros do mundo, superando o Boeing 747, que havia detido o recorde por 35 anos. O Antonov An-225, de fabricação soviética, é o maior avião do mundo desde o seu primeiro voo, realizado em 21 de dezembro de 1988.


O transporte aéreo vem preocupando-se cada vez mais com a redução da poluição (sonora e atmosférica) além da contenção nos custos de operação. Nas primeiras décadas do século XXI, a eletrificação da propulsão aeronáutica (com motores elétricos acionados por baterias ou células de combustível, uso de biocombustíveis, hidrogênio, motorização híbrida, etc.) surge como possível solução para tais questões. A indústria aeronáutica passou a dar atenção ao desenvolvimento do avião elétrico e da aeronave híbrida elétrica.
O impacto imediato e as perdas bilionárias (COVID-19)
No início da pandemia, com as fronteiras fechadas e o isolamento social, a demanda por viagens aéreas despencou drasticamente. A circulação de passageiros caiu mais de 90% em alguns meses, levando as companhias aéreas a sofrerem perdas bilionárias. Para se ter uma ideia, a IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo) estimou que o setor perdeu cerca de US$ 118,5 bilhões em 2020. Milhares de aviões foram parados, estacionados em grandes “cemitérios de aeronaves” ou em hangares de aeroportos, em um cenário de inatividade sem precedentes.

As mudanças operacionais e a reinvenção do setor
Para sobreviver, o setor precisou se reinventar rapidamente:
- Voos de carga: Com a queda no transporte de passageiros, muitas companhias aéreas adaptaram seus aviões para transportar carga, inclusive nas cabines de passageiros. Isso foi crucial para manter as cadeias de suprimentos globais funcionando, especialmente para o transporte de suprimentos médicos e vacinas.
- Novos protocolos de segurança: Aeroportos e companhias aéreas implementaram rigorosos protocolos de saúde, como uso obrigatório de máscaras, medição de temperatura e desinfecção constante das aeronaves. A própria aviação brasileira, através da ANAC, isentou de ponto de acesso a funcionários e aprovou o transporte de carga em cabines de passageiros, como medidas temporárias.
- Apoio governamental: Governos de todo o mundo ofereceram pacotes de ajuda financeira, empréstimos e subsídios para evitar a falência em massa das companhias aéreas. No Brasil, algumas companhias aéreas buscaram recuperação judicial nos EUA para reestruturar suas dívidas.
A recuperação e as novas tendências
Apesar do golpe, o setor demonstrou uma resiliência notável. A recuperação começou com as viagens domésticas e, gradualmente, se estendeu para as rotas internacionais à medida que as restrições foram sendo relaxadas.
- Retorno aos níveis pré-pandemia: A IATA informou que a indústria aérea está retomando os números de 2019, com a demanda por transporte aéreo permitindo que o setor voltasse à lucratividade e aos níveis de tráfego que existiam antes da pandemia.
- Preços e incertezas: A recuperação, no entanto, não foi isenta de desafios. A volatilidade dos preços do petróleo e a inflação elevaram os custos operacionais, e em alguns casos, as tarifas aéreas. A GOL, por exemplo, entrou com pedido de recuperação judicial.
- Transformação digital e sustentabilidade: A pandemia acelerou a transformação digital, com companhias investindo mais em check-ins online e biometria para reduzir o contato físico. Além disso, a preocupação com a sustentabilidade se intensificou, impulsionando a busca por combustíveis sustentáveis de aviação (SAF) e aeronaves mais eficientes.
Em suma, a COVID-19 forçou a aviação a passar por uma das maiores crises de sua história, mas também a impulsionou a um futuro mais resiliente, tecnologicamente avançado e com foco em sustentabilidade.
